Silagem: estratégia essencial para reforçar a nutrição de bovinos
As principais forrageiras usadas para silagem são o milho e o sorgo, que produzem um material de qualidade superior e maior valor nutricional
As principais forrageiras usadas para silagem são o milho e o sorgo, que produzem um material de qualidade superior e maior valor nutricional
Na pecuária de corte, a produção de silagem é uma importante estratégia para garantir a nutrição do gado e suplementar as pastagens no período da seca, quando a disponibilidade de forragem é baixa.
Considerada um alimento volumoso, a silagem é formada por forragem verde armazenada na ausência de ar e conservada em depósitos próprios chamados silos.
O processo de produção de silagem, chamado de ensilagem, pode ser feito com forrageiras, sozinhas ou combinadas, e o seu valor nutritivo vai depender do material utilizado. As principais forrageiras usadas para ensilagem são o milho, o sorgo e o capim-elefante.
O médico veterinário e consultor de pecuária de corte da Rehagro Consultoria, Paulo Eugênio Carvalho Câmara, explica que a função mais importante da silagem é oferecer o que o pasto não está oferecendo.
“Seja na cria, na recria ou na engorda, muitas vezes o pecuarista quer aumentar a taxa de lotação da fazenda e os pastos são limitantes para este volume de animais. Para tentar aumentar esta taxa de lotação, a silagem é fornecida no cocho.”
Câmara ressalta que é possível escalar o volume de animais na fazenda com a utilização da silagem, principalmente no período seco, e cita duas oportunidades de oferecer a suplementação.
Primeiro, ao fazer o sequestro, para baixar a taxa de lotação dos pastos, e outra no confinamento, como fonte de fibras na forragem. Nos sistemas intensivos de produção, em que se adota o confinamento total, a silagem é usada como o principal volumoso o ano todo.
A silagem é fundamental para fazer um sequestro e fornecer os nutrientes que o animal precisa em uma dieta de terminação, como as fibras que estimulam a ruminação. Dessa forma, ela ajuda a aumentar a taxa de lotação geral e a produtividade animal da fazenda de pecuária de corte. Isso porque, quando os animais são colocados no cocho, as áreas de pastagens são liberadas, diminuindo a lotação das áreas de pasto.
“O fornecimento de silagem suplementa a forragem das pastagens, aumenta a taxa de desfrute, a produção dos animais é feita de forma rápida, e assim melhora o giro no negócio. O pecuarista consegue melhorar a sua rentabilidade, porque produz mais arroba dentro de um patrimônio que, caso não tivesse a silagem, seria limitado a produzir.”
Ao planejar a produção da silagem, o produtor deve considerar o volume de animais que há na propriedade e o volume de silagem desejado. Dependendo da utilização da silagem, é possível definir o volume de animais e prever o que eles vão consumir no período das águas, quando há maior oferta de forragem, e no período seco, momento em que a oferta de forragem é baixa.
“É preciso fazer a evolução do rebanho, para saber como ele vai se comportar durante o ano. Se o produtor quiser aumentar o volume de animais na seca, por exemplo, ele suplementa com silagem, fornecendo o que os animais precisam, mantendo um bom desempenho sem prejudicar nem degradar as pastagens.”
Vários pontos devem ser considerados na escolha da forrageira, como a produtividade do material e o custo de implantação. Segundo o especialista, as silagens de capim mombaça ou capim zuri, por exemplo, têm qualidade nutricional inferior. Eles têm um problema de “ensilabilidade”, ou seja, a umidade desse material prejudica o processo fermentativo, gerando uma silagem de coloração escura, com pior qualidade. Já as silagens de sorgo e milho produzem um material de qualidade bem superior.
“Para fazer uma terminação de boiada pesada no confinamento, uma silagem de capim atende perfeitamente, porque basicamente o que se quer é fornecer fibra para esses animais. Mas se o objetivo é um desempenho melhor na recria, é interessante trabalhar com silagens com qualidade maior, pois reduz a necessidade de suplementações”, orienta Câmara.
A estrutura da propriedade é um ponto que também pesa na escolha. O produtor tem que saber se vai precisar de equipamentos e maquinários específicos. “O capim é mais fácil de produzir, pois já faz parte do seu dia a dia, mas, quando se trata de uma silagem de milho e de sorgo, a fazenda vai precisar de equipamentos para plantar e pulverizar, o que dá um pouco mais de trabalho e necessita de investimentos”, afirma.
A principal diferença entre silagem de milho e de sorgo está relacionada à maior ou menor dificuldade de cortar o grão. Por ser muito pequeno, o grão de sorgo é mais difícil de quebrar. Além disso, por estar mais bem protegido, o sorgo disponibiliza menos amido do que o milho.
Já a silagem de milho, que é a mais utilizada hoje, tem uma qualidade superior, é mais fácil de manejar, de colher e de quebrar o grão. Ela também tem maior volume de amido do que a silagem de sorgo, e esse amido é importantíssimo para aumentar o desempenho, principalmente na recria.
O veterinário ressalta que, em relação à qualidade e ao volume da silagem, todas as etapas do processo de ensilagem são importantes e necessitam de atenção. Confira abaixo algumas destas etapas citadas por ele.
Plantio - No plantio do milho e do sorgo, é importante considerar o volume de adubação e manejos perfeitos, porque a adubação de acordo com a necessidade da planta pode resultar em maior participação de grão, melhor qualidade do produto colhido e maior produtividade da silagem.
Ponto de matéria seca - É importante colher na altura certa, no ponto certo de matéria seca. Isso vai ajudar na ensilabilidade, na redução do pH e na fermentação do produto. Para um ótimo momento de colheita, o ponto de matéria seca deve estar próximo de 35% no milho, de 32% no sorgo e acima de 25% na silagem de capim. Se for colhido com ponto de maturação mais alto que o recomendado, esse material é seco e não compacta.
Compactação - A função da compactação é retirar o oxigênio, porque ele dificulta que as bactérias fermentem o material para deixá-lo intacto e preservado. O ponto de compactação evita a presença dos fungos, que sobrevivem em meios com oxigênio e não têm o poder de fermentação, mas de decomposição. Eles decompõem o material, que apodrece e tem que ser descartado.
Vedação – Sua função é não deixar o oxigênio penetrar no material. O ideal é fazer uma boa vedação com a lona de 200 micras, dupla face, e colocar um peso em cima. Isso porque a silagem sempre cede, baixa, e a lona fica solta, batendo com o vento até rasgar. Com isso, o oxigênio entra e começa a penetração de fungos. Também se pode optar pela utilização de barreira de oxigênio, entre a massa ensilada e a lona de vedação.
Inoculação - O inoculante aumenta a velocidade de fermentação e baixa o pH da forma mais rápida possível, para que nenhum outro microrganismo sobreviva ali. A inoculação é feita usando-se alguns aditivos que existem no mercado para esse fim. Ela também aumenta a instabilidade aeróbica, ou seja, protege por mais tempo a silagem no momento de abertura do silo, inibindo o crescimento de fungos e leveduras que prejudicam a qualidade do material.
Saiba mais: Como preparar uma boa silagem
Os custos da produção de silagem geralmente estão relacionados ao tipo de material que está sendo produzido. “Geralmente, a silagem de capim fica em torno de 120 a 150 reais por tonelada de material ensilado, enquanto que a silagem de milho gira em torno de 200 a 300 reais. É um custo interessante, pensando que vai aumentar o volume de arroba produzidos na área, melhorando a rentabilidade do negócio”, diz Câmara.
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