Novas oportunidades para o sorgo brasileiro!
Em 2024, o mercado de sorgo esteve marcado por notícias que deverão estimular o futuro da produção nacional.
Em 2024, o mercado de sorgo esteve marcado por notícias que deverão estimular o futuro da produção nacional.
A área com sorgo no Brasil teve forte crescimento nas últimas safras. Desde a Safra 2009/10, a área com sorgo no Brasil avançou 81,6%, com a área semeada estimada em 1,5 milhão de hectares em 2023/24 – devendo aumentar no ciclo 2024/25, a Safra em semeadura no Brasil.
Além do avanço em área, merece destaque também o crescimento da produtividade do sorgo no período, com aumento de 2,3 para 3,2 toneladas por hectare ao ano – um salto de 36,8% em quinze anos.
Figura 1. Área, produtividade e produção de sorgo no Brasil
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
A Brevant® Sementes faz parte desse processo, sendo líder em vendas de sorgo no Brasil e com híbridos de sorgo que trazem opções com alto potencial produtivo e adaptadas às necessidades das principais regiões produtoras do país.
Atualmente, nosso portfólio conta com quatro tipos de híbridos diferentes, que se encaixam em todas as diferenças de clima que existem no Brasil. Confira os diferenciais de cada um:
Um híbrido precoce, com alta estabilidade, tolerância à seca e teto produtivo com excelente sanidade.
Tolerante à Macrophomina e ao Fusarium. Responsivo ao incremento de tecnologia, versatilidade e eficiência em situações adversas de clima, grãos pesados com estabilidade. Excelente sanidade para as principais doenças da cultura e segurança ao produtor com ciclo precoce.
Exerção média de panícula, responsivo ao incremento de tecnologia, boa sanidade foliar com necessidade de monitoramento turcicum e tolerante ao tombamento.
Potencial produtivo com estabilidade, responsivo ao incremento de tecnologia, tolerância à antracnose e à Macrophomina e escalonamento de plantio com híbridos de ciclos diferentes. Stay green pronunciado que, associado ao porte baixo, confere tolerância ao tombamento, possibilitando uma colheita segura.
Alto potencial produtivo, qualidade de colmo, excelente sanidade foliar e estabilidade produtiva.
Responsivo ao incremento de tecnologia, tolerância à deterioração de grãos no campo, permitindo uma colheita segura, segurança de produção mesmo em atrasos na operação da colheita e segurança de produção em anos favoráveis à ocorrência de doenças. Permite a integração e o escalonamento de plantio com demais híbridos do portfólio da Brevant® Sementes, com diferentes ciclos, o que facilita a colheita.
Excelente qualidade de colmo e raiz, alto potencial produtivo, boa sanidade foliar, tolerância à seca, tolerância ao tombamento e quebramento, evitando perdas na colheita.
Permite escalonamento de plantio com híbridos de ciclos diferentes, retorno dos investimentos em tecnologia, estabilidade de produção e grãos pesados, tolerantes à deterioração e com secagem mais rápida. |
A cultura é opção para momentos de riscos climáticos maiores – principalmente quando há uma menor janela para a semeadura do milho, principal “concorrente” por áreas durante a segunda Safra no Brasil –, além disso, o sorgo não possui grandes alterações em relação à composição bromatológica frente ao milho, para uso na nutrição animal.
Com forte crescimento em área e em produção, há espaço – e demanda – para o sorgo brasileiro? A resposta é sim e, a seguir, comentaremos um pouco dos destinos do sorgo nacional e oportunidades que 2024 promoveu ao cereal.
O Brasil figura entre os dez maiores produtores de sorgo do mundo – veja na tabela 1.
Tabela 1. Maiores produtores de sorgo do mundo, em milhões de toneladas
Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria
A maior parte da produção brasileira é destinada ao mercado interno, mas antes de falarmos da demanda doméstica, merece destaque que, ao fim de 2024, o governo chinês, durante a 19ª reunião de cúpula do G20, que ocorreu no Brasil, abriu o seu mercado para a compra de sorgo brasileiro.
O Brasil pleiteava há anos a abertura do mercado chinês para o sorgo brasileiro, com o protocolo fitossanitário sendo preparado desde 2019.
A China é a maior importadora mundial de sorgo. Na Safra 2023/24, seu consumo estava estimado em 11,3 milhões de toneladas, enquanto a importação de sorgo pelo país totalizou 8,3 milhões de toneladas (USDA).
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 2023, a China importou US$ 1,83 bilhão em sorgo, o equivalente a 82,8% do comércio mundial do produto.
Metade do volume internalizado pela China é originário dos Estados Unidos. No mercado norte-americano, a volta de Donald Trump à presidência poderá incorrer em nova guerra comercial entre os países, beneficiando a demanda pelo sorgo brasileiro – ponto para atenção em 2025.
A Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo) estima que a exportação nacional de sorgo para a China deverá começar a partir de julho de 2025 e destaca que a abertura e vendas para o país poderá promover, também, a abertura de outros mercados ainda não acessados pelo Brasil na Ásia.
No gigante asiático, o sorgo possui diferentes usos – produção de bebidas alcoólicas, como o baijiu; consumo para a produção de alimentos à alimentação humana, através de farinhas para a produção de pães e outros assados, além do seu como parte da dieta básica; e, também, para a produção animal, o que, com a crescente tecnificação dos sistemas produtivos de aves e suínos no país, tende a aumentar a demanda, não só pelo sorgo, como pelo milho e o farelo de soja.
A exportação brasileira de sorgo, em 2024, até outubro, soma 115,4 mil toneladas – o maior volume da história para a exportação do cereal. Apesar do volume crescente, a participação da exportação em relação à produção, estimada em 4,5 milhões de toneladas, ainda é pequena – apenas 2,6%.
O sorgo apresenta-se como uma alternativa nutricional para a alimentação humana.
Composto majoritariamente por carboidratos, proteínas e fibras, o grão é também fonte significativa de minerais e vitaminas, especialmente do complexo B e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).
Estudos recentes indicam que, além de ser versátil em produtos alimentícios, o sorgo contém compostos bioativos como taninos e polifenóis, que desempenham papel antioxidante importante na prevenção de doenças crônicas.
Com alto valor nutricional, o sorgo oferece proteínas, fibras, vitaminas e minerais essenciais, como ferro, magnésio, potássio e zinco, além de compostos bioativos de importância na prevenção de doenças.
A ausência de glúten é um de seus maiores atrativos, sendo uma alternativa natural para pessoas com doença celíaca ou intolerância ao glúten. Diversas pesquisas, como as conduzidas pela Embrapa e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, indicam que o sorgo é um cereal versátil, podendo ser processado em farinha, grãos cozidos e extrusados, com aplicação em produtos como pães, massas, cereais, biscoitos e bebidas fermentadas.
As farinhas de sorgo branco são especialmente populares na panificação devido à coloração neutra e ao sabor suave, o que facilita a inclusão em diversos produtos sem comprometer as características sensoriais. Além disso, cultivares com diferentes colorações e com taninos têm mostrado alto potencial antioxidante, com efeitos anti-inflamatórios e de redução do colesterol, contribuindo para a saúde cardiovascular e a prevenção de doenças crônicas.
Em países africanos e asiáticos, o sorgo é amplamente utilizado para a produção de alimentos como pães, mingaus e cervejas, que formam a base da dieta em muitas dessas regiões.
No Brasil, a maior parte da produção destina-se à ração animal, mas o interesse no uso do sorgo para consumo humano tem crescido.
Alguns dos principais produtos à base de sorgo, mundo afora, incluem:
Pães e tortilhas: na Índia, são preparados pães tradicionais, como o "roti" e "chapati", com farinha de sorgo. No México e América Central, tortilhas são feitas misturando sorgo com milho. A farinha de sorgo branco é particularmente recomendada para esses produtos, pois oferece boa textura e sabor.
Mingaus e papas: na África, o sorgo é amplamente consumido na forma de mingau, variando de consistências leves a densas, como "uguli" (Quênia e Tanzânia) e "bogobe" (Botsuana). Além disso, o "ogi" e o "nasha", preparações para desmame, são feitos com farinha de sorgo fermentada, oferecendo um alimento nutritivo para crianças.
Cuscuz: tradicional na África do Norte, o cuscuz de sorgo é produzido a partir de uma mistura de farinha e água, que é cozida a vapor. A variedade de sorgo branco proporciona o melhor cuscuz em termos de textura e sabor, tornando-se popular na culinária regional.
Cerveja: no Burkina Faso e em outras regiões africanas, o sorgo é usado na produção de cervejas tradicionais, como o "dolo". Essas bebidas são ricas em minerais, como ferro, fósforo e magnésio, e oferecem uma fonte adicional de energia para as populações locais.
Produtos extrusados e barras de cereais: o sorgo também é utilizado na produção de "snacks" e barras de cereais, cada vez mais comuns nos mercados globais. A extrusão melhora a digestibilidade dos nutrientes e aumenta a vida útil dos produtos. A Embrapa, por exemplo, desenvolveu uma barra de cereais com pipoca de sorgo, que foi bem avaliada em testes de aceitação.
No Brasil, o sorgo é amplamente utilizado no setor de nutrição animal, sendo sua produção destinada ao consumo humano ainda incipiente.
Na África e na Ásia, o cenário é o oposto. Nesses continentes, o sorgo é um alimento básico, responsável por até 70% da ingestão calórica em algumas regiões da África subsaariana, segundo a FAO.
Países como Nigéria e Índia utilizam o cereal em grande escala para o consumo humano, com aplicações tradicionais como o injera na Etiópia, roti e chapati na Índia, e bebidas fermentadas na África Ocidental. Esses alimentos são ricos em carboidratos complexos e fibras, oferecendo uma importante fonte de energia e nutrição em áreas com altos índices de insegurança alimentar.
A crescente demanda mundial por produtos sem glúten e por opções mais sustentáveis torna o sorgo uma excelente alternativa para diversificar a produção alimentar, com baixo custo e elevado valor nutricional.
A produção nacional está estimada em 4,43 milhões de toneladas e concentra-se nos estados de Goiás e Minas Gerais.
Com uma participação da exportação ínfima, a produção nacional é destinada ao mercado interno, com destaque à alimentação animal – o sorgo pode ser utilizado como silagem na produção de gado de corte e de leite e também pode ser utilizado como grão para a produção de monogástricos, sendo este o principal consumidor nacional.
Dados do Sindirações apontam que a pecuária de corte brasileira demandou, em 2023, 804,4 mil toneladas de sorgo e a pecuária de leite 1,1 milhão de toneladas.
O uso do sorgo na pecuária de corte, principalmente como fonte energética dentro dos confinamentos – estruturas voltadas à terminação de bovinos em sistemas intensivos –, foi destaque.
O Confina Brasil, pesquisa-expedicionária da Scot Consultoria, em 2024, mapeou 218 confinamentos no Brasil e constatou o crescente uso do sorgo no setor nos últimos 3 anos, com participação de 19,5% dentre as menções de insumos energéticos utilizados no sistema produtivo.
Figura 2. Relação de insumos energéticos mencionados nos últimos 3 anos de pesquisa, em porcentagem (%).
Fonte: Confina Brasil, Scot Consultoria
Entre os confinamentos visitados que também realizam outras atividades, a produção de sorgo foi citada em 20,7% dessas propriedades.
Para a pecuária de corte, o projeto apontou a expectativa de crescimento para o rebanho bovino confinado em 2025, o que poderá aumentar a demanda de sorgo pelo setor.
Na pecuária leiteira, o uso de sorgo como silagem é recorrente, destacando-se o estado de Minas Gerais como maior bacia leiteira do país e, também, o segundo maior produtor nacional de sorgo.
Apesar da grande demanda para a produção de gado bovino, o setor de monogástricos é o principal consumidor do sorgo no país – a produção de frango de corte, ovos e suínos consumiu, em 2023, 2,4 milhões de toneladas, com a avicultura de corte responsável por 62,5% dessa demanda.
Durante anos, o uso de sorgo foi limitado no setor em função da associação do sorgo ao tanino, fator antinutricional para frangos e suínos.
Porém, ao longo das últimas décadas o impacto negativo tem sido mitigado pelo desenvolvimento de híbridos de sorgo com baixos níveis de tanino ou por tecnologias de processamento que reduzem seus efeitos, além do uso associado do sorgo a enzimas que mitiguem a ação antinutricional dos taninos na formulação das dietas.
Um ponto de atenção na formulação de dietas com sorgo é a maior necessidade de suplementação de aminoácidos essenciais, como a lisina e o triptofano, cuja presença no sorgo é baixa.
Tem crescido, junto ao forte aumento das usinas produtoras de etanol a partir de grãos, principalmente o milho, a procura do sorgo para a produção de etanol, com potencial para seu uso já descrito em trabalhos recentes.
Desde 2016, o milho tem servido de base para a produção de etanol no país, produção que cresceu 473,8% de lá para cá.
Na Safra 2023/24, 5,9 bilhões de litros de etanol de milho, o equivalente a 14,8 milhões de toneladas de milho, foram produzidos.
Até 2033/34, a estimativa é de que a produção de etanol de milho concentre 16,6 bilhões de litros.
Há no Brasil, atualmente, 22 biorrefinarias em operação, situadas, em sua maior parte, no Centro-Oeste.
Além das biorrefinarias em operação, há mais 21 em prospecção para os próximos anos, com nove delas em fase de operação e doze projetadas e programadas para construção.
Fonte: União Nacional do Etanol de Milho, dezembro de 2024
Sobre a produção de etanol de milho e de sorgo, pouco muda-se quanto às questões de desempenho e qualidade dos produtos.
Para cada tonelada de milho estima-se que entre 350 e 400 litros de etanol sejam produzidos. Para o sorgo, estudos e agentes das indústrias apontam que o desempenho produtivo é semelhante.
Com relação aos coprodutos (grãos secos de destilaria, ou DDGs), estima-se que, para cada tonelada de milho/sorgo utilizados, entre 200 e 240 quilos de coprodutos são produzidos.
Conversamos com representantes das principais biorrefinarias no país, dentre elas as maiores em operação no Brasil – FS Bioenergia e Inpasa –, e todas apontaram que há estudos e projetos para o uso do sorgo em desenvolvimento em seus processos industriais com algumas usinas em Mato Grosso e em Goiás, já realizando a moagem do sorgo.
Mas destacamos que a quantidade da matéria-prima ainda é um desafio para o setor, que enxerga oportunidades no uso do sorgo, uma vez que os processos industriais são semelhantes e as adaptações nas operações relativas ao milho, para o processamento do sorgo, são relativamente rápidas, mas com uma oferta de matéria-prima aquém do potencial demandado, não subsidiando o investimento.
O coproduto oriundo do processamento do sorgo possui coloração diferente do oriundo do milho, o que ainda requer estratégias para a comercialização do produto e adequação ao mercado vigente.
A demanda por sorgo brasileiro nos próximos anos deverá ser crescente.
A abertura do mercado chinês poderá impulsionar a demanda para a exportação e, no Brasil, o setor de nutrição animal, com maior competição com as usinas de etanol pelo milho, poderá passar a demandar mais opções para a composição das dietas em suas operações.
Para o produtor de sorgo, a perspectiva é boa, com maior quantidade de agentes participando das negociações e uma maior pulverização de quem poderá atender – o que pode estimular os preços, além de garantir a demanda pelo seu produto.
Para o avanço esperado nos próximos anos e aumento da produtividade e produção, conte com os híbridos e profissionais da Brevant® Sementes.
Referências bibliográficas
Carneiro, H. P.; Queiroz, V, A, V.; Porto, F. L. Utilização do sorgo para alimentação humana. Revista Científica Intelletto. Venda Nova do Imigrante, ES, Brasil. V.4 n.1, 2019.
FAO. Organizacion de las naciones unidas para la agricultura y la alimentacion. El Sorgo y el Mijo en la nutrición humana. Roma: 1995. 197p.
Martino, H. S. D. et al. Chemical characterization and size distribution of sorghum genotypes for human consumption. Revista do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v.71, p.337-344, 2012.
Oliveira, M. F.; Campos, R. O sorgo na Alimentação Humana: Uma alternativa viável e nutritiva. 2. ed. Belo Horizonte, 2000. 27p.
Queiroz, V. P. V.; Vizzotto, M.; Carvalho, C. W. P.; Martino, H. S. D. O sorgo na alimentação humana. Circular Técnica. Sete Lagoas, MG. Dezembro, 2009.