Blog •  26/12/2024

Manchas no milho: diferenças entre os tipos e como manejar

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Mancha no milho? Identifique e diferencie a mancha arroxeada e mancha de Physoderma no milho para ter um manejo eficiente.

 

Um desafio enorme da indústria a céu aberto, que é a agricultura, é identificar sintomas no campo, que podem ser fisiológicos, devido a interações ambientais com genótipos, adversidades pontuais, doenças e patógenos. Identificar doenças e manchas foliares no milho é essencial para gerir a lavoura de forma eficaz. Dentre elas, a mancha arroxeada (purple leaf sheath) e a mancha de Physoderma (mancha-marrom-do-milho) frequentemente geram confusão por suas semelhanças superficiais. Compreender as diferenças entre essas condições evita diagnósticos incorretos e preserva a saúde das plantas. Este conteúdo esclarece os principais aspectos de cada uma, ajudando a otimizar o manejo agrícola.

Mancha arroxeada na bainha da folha e no colmo do milho

Mancha arroxeada na bainha da folha e no colmo do milho (purple leaf sheath in corn)

Essas lesões tiveram os primeiros relatos nos EUA, no Corn Belt, onde foram investigadas  por instituições de pesquisa e pelas universidades de Iowa, Mississippi, Nebraska e Illinois, sendo descritas como manchas e não como doenças. O acúmulo de nutrientes, pólen, anteras e partes do pendão entre o colar das folhas e o colmo da planta (Figuras 1 e 2), quando associados à umidade, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de leveduras sobre as folhas e, frequentemente, de fungos saprófitos, que se alimentam dos nutrientes acumulados. Como resultado desse desenvolvimento, manchas de coloração arroxeada costumam surgir na bainha da folha do milho e até mesmo no colmo. 

Esses organismos, de acordo com as avaliações, não apresentam efeito patogênico e não causaram prejuízos econômicos à cultura do milho até o momento. Por isso, não é necessário manejo com aplicação de fungicidas. Além disso, o caule abaixo da bainha permanece saudável (Figura 3) e sem descoloração (se apresentar esses sintomas, trata-se de outro tipo de mancha). Por fim, os sintomas não avançam para as folhas ou espigas.

Mancha de Physoderma (mancha-marrom-do-milho)

Os híbridos variam em sua suscetibilidade à doença e a rotação de culturas e o cultivo reduzem a sobrevivência do inóculo. Fungicidas foliares rotulados para Physoderma brown spot estão disponíveis.

São pequenas lesões circulares pequenas e numerosas, redondas e ovais. Na folha, geralmente são amarelas ou bronzeadas, levemente douradas. As faixas infectadas e não infectadas são comuns de verificar. Já na nervura central, na bainha e no colmo, as lesões são de cor marrom, o que dá origem ao nome comum da doença “mancha-marrom-do-milho”. 

A mancha-marrom-do-milho tem como condições favoráveis de desenvolvimento regiões onde prevalecem estações úmidas, com luz, água e temperaturas mais elevadas e molhamento superficial por longos períodos, onde os fungos conseguem se desenvolver com mais facilidade.

A doença é causada pelo fungo Physoderma maydis, que pode sobreviver por até 7 anos em restos culturais infectados no solo. O inóculo se espalha por respingos de chuva e irrigação e é favorecido pela presença de água na superfície da planta, podendo também ser disseminado pelo vento. É considerada uma doença secundária, não tendo levantamentos de danos significativos nas regiões onde é encontrada. No entanto, caso a pressão da doença seja elevada, recomenda-se a aplicação de fungicida com registro para a cultura e espectro de ação para a doença. 

 

Fotos: Luiz Vizoto 

O manejo correto para a saúde do milho

Entender as particularidades entre a mancha arroxeada e a mancha de Physoderma é fundamental para um manejo eficiente da lavoura. Enquanto a mancha arroxeada não representa risco econômico e não requer intervenções, a mancha de Physoderma, embora considerada uma doença secundária, pode demandar cuidados específicos em situações de alta incidência. Realizar monitoramentos frequentes é uma estratégia importante para averiguar sintomas e, quando necessário, realizar eventuais manejos para conseguir extrair o máximo de produtividade da lavoura. Com informações claras e precisas, é possível proteger a cultura do milho e otimizar os resultados na produção.