Blog •  27/06/2024

Pulgão amarelo no sorgo: conheça essa praga

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Pulgão Amarelo no Sorgo

Controle, prevenção e casos de sucesso.

O sorgo é uma cultura de extrema importância para a agricultura mundial, servindo como alimento para humanos e animais, além de ser matéria-prima para a produção de bioenergia. Para ter uma ideia, atualmente ele já está posicionado como quinto cereal mais produzido no mundo, tendo o Brasil como oitavo maior produtor.

No entanto, como qualquer outra cultura, o sorgo enfrenta desafios como a presença de pragas e doenças que podem comprometer seriamente sua produtividade.

Dentre as pragas que afetam o sorgo, o pulgão amarelo (Melanaphis sacchari), popularmente conhecido como pulgão da cana-de-açúcar, tem se destacado como uma das mais prejudiciais. 

Aqui no Brasil, relatos recentes dos danos dessa praga na cultura do sorgo vêm ocorrendo com frequência nas últimas safras. 

Neste artigo, exploraremos as características do pulgão amarelo, os danos que ele causa ao sorgo e as melhores práticas de manejo para controlar a praga e garantir maior produtividade à lavoura.

Pulgão amarelo no sorgo: conhecendo o inimigo

O primeiro ponto é a identificação correta dessa praga para que se proceda um manejo eficiente.

O pulgão amarelo é facilmente identificado por sua coloração amarela pálida e corpo pequeno, medindo aproximadamente 1,5 mm. Eles se agrupam, principalmente, na face inferior das folhas. Mas também podem ocorrer nos colmos e nas panículas do sorgo.  

Tabela 1. Aspectos biológicos do pulgão.

COMO SE ALIMENTAM? (DANOS DIRETOS)

Sugam a seiva das plantas.

DANOS INDIRETOS

Transmissão de vírus da folha amarela no sorgo e o vírus do mosaico da-cana-de-açúcar em sorgo e favorece a fumagina (espécie de mofo preto sobre as folhas).

COMO RECONHECER O PULGÃO NAS PLANTAS?

São insetos, na maioria, de coloração amarela. Os jovens e adultos se agrupam, inicialmente, em colônias na face inferior das folhas. Em altas infestações colonizam ambas as faces das folhas.

DISPERSÃO PARA OUTRAS PLANTAS

Em geral são ápteros (sem asas). A dispersão ocorre em condições de altas infestações (muitas colônias e/ou baixa qualidade do alimento). No caso, algumas fêmeas desenvolvem asas.

COMO SE REPRODUZEM? 

Reprodução assexuada (sem a participação do macho). As fêmeas só geram novas fêmeas.

CICLO DE VIDA DO PULGÃO

(A DEPENDER DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS)

Duração da fase jovem: 5-7 dias; adultos: 22-24 dias; Fecundidade: em média, 78 novas/fêmeas.

Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte / Elaboração: Scot Consultoria

As características visuais facilitam a diferenciação do pulgão Melanaphis de outras pulgões, que podem estar presentes em lavouras de sorgo. Na figura 1, apresentamos diferenças visuais do pulgão-do-milho, pulgão da cana-de-açúcar e o pulgão verde em relação ao pulgão do sorgo (pulgão amarelo da cana).

Figura 1. Comparação visual das principais espécies de pulgão presentes em lavouras de sorgo em relação ao pulgão da cana-de-açúcar.

Fonte: Scott Amstrong, USDA

A reprodução, em condições tropicais de cultivo, como no Brasil, é assexuada por meio de partenogênese telítoca, em que fêmeas dão origens a outras fêmeas. Geralmente são ápteros, entretanto, há formação de alados quando as colônias ficam muito grandes. Nesse caso, há necessidade de dispersão por causa da superpopulação e/ou da baixa qualidade nutricional no hospedeiro (figura 2).

Figura 2. Ciclo de desenvolvimento biológico do pulgão da cana-de-açúcar.

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo

Essa característica pode levar a uma rápida multiplicação da praga em condições favoráveis. Em um intervalo de 10 dias, por exemplo, a população da praga pode multiplicar-se até 10 vezes se não houver controle químico.

Nas folhas, tanto as ninfas quanto os adultos se alimentam sugando a seiva, principalmente na face abaxial, de modo que é comum a infestação se iniciar das folhas mais velhas para as mais novas (de baixo para cima). 

Impactos do pulgão amarelo no sorgo

A presença do pulgão causa danos diretos por sucção da seiva da planta, e indiretos por serem vetores importantes de doenças virais (como o vírus da folha amarela da cana-de-açúcar, o vírus do mosaico da cana-de-açúcar e o vírus da folha vermelha do milheto). 

Figura 3. Planta de sorgo infestada com o pulgão amarelo.

Fonte: Emparn

Além do que, a sucção contínua os faz excretar grandes quantidades de substâncias adocicadas, chamadas de “honeydew” (melado), característica marcante desse pulgão, o que deixa as folhas do sorgo pegajosas e intensamente brilhosas na parte de cima, e são alimento preferido de certas espécies de formigas (figura 4a). 

Essas substâncias, com o tempo, escurecem devido ao desenvolvimento da fumagina, impedindo a realização da fotossíntese e induzindo, por fim, o amarelecimento, secamento e queda da folha (figura 4b). 

Pode haver também um comprometimento total ou parcial da produção de grãos devido a esse depauperamento da planta provocado pela praga em questão.

Figura 4a. Honeydrew que cobre toda a folha do sorgo e a deixa com um aspecto pegajoso e brilhante (mela); 4b. Fumagina cobrindo a superfície da folha do sorgo.

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo

Controle do pulgão no sorgo 

O monitoramento regular é a primeira linha de defesa contra o pulgão amarelo. 

De acordo com a Embrapa Milho e Sorgo, amostragens semanais são recomendadas, observando-se inicialmente as folhas que estão no terço inferior na face inferior da folha do sorgo. 

É fundamental estar atento às colônias iniciais que irão ocorrer na cultura, pois o monitoramento demanda vistoriar as folhas baixeiras da planta.

A determinação do nível de infestação ocorre através da seleção, de forma aleatória, de três pontos por talhão de 5 hectares e, em cada ponto, avaliar 20 plantas. Detalhamos, a seguir, passo a passo para a realização dessa mensuração:

- Entrar ao menos 50 metros para dentro do campo na lavoura, evitando as bordas.

- Procurar folhas com sintomas de ocorrência do pulgão (mela, fumagina, exúvias, por exemplo).

- Em cada planta, identificar a presença de colônias médias e marcá-las. As colônias médias são definidas como aquelas com mais de 50 pulgões.

- Se 20% das plantas com colônias estiverem com infestação acima da média, é hora de partir para ação.

O nível de controle para o pulgão da cana-de-açúcar deve ser de acordo com o estádio fenológico da planta. Na tabela 2, apresentamos sugestões para cada estádio fenológico. No entanto, geralmente as plantas devem ser controladas quando atingirem 20% de infestação ou apresentarem 20% das plantas com colônias maiores que 50 pulgões/folha.

Tabela 2. Nível de controle do pulgão da cana-de-açúcar em função do estádio de desenvolvimento da cultura do sorgo. 

Estádio de desenvolvimento da cultura do sorgo 

Nível de controle

Emergência até três folhas totalmente abertas.

20% de plantas infestadas, com folhas amareladas.

Três folhas totalmente abertas até o emborrachamento.

20% de plantas infestadas com colônias médias (mais de 50 pulgões por folha).

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo - adaptado de Biles (2018) / Elaboração: Scot Consultoria

Ao analisar a tabela acima, vale um adendo: apesar de a recomendação da Embrapa sugerir que 20% seja um nível de controle seguro, sabemos que, muitas vezes, por estarmos lidando com uma praga agressiva, essa faixa de dano já pode ser irreversível.

Portanto, as equipes de especialista a campo recomendam que, ao notar a presença de pulgões na lavoura, o produtor entre imediatamente com métodos de controle.

Métodos de controle do pulgão amarelo

Tratamento de sementes

O Tratamento de Sementes Industrial (TSI) é um importante processo no sistema produtivo nas culturas e, no sorgo, não tem sido diferente. 

O TSI auxilia na redução da pressão de pragas e doenças em sementes e plântulas. Além disso, também impede a entrada de novos patógenos, assegurando um bom estabelecimento da lavoura.

A manutenção do estande inicial, aliado a uma emergência mais uniforme das plântulas, contribuem para a expressão do potencial genético das plantas.

Controle químico

Em levantamento no Agrofit/Mapa, não há inseticidas registrados para o pulgão da cana-de-açúcar. 

Mas há o registro para outros inseticidas de pulgões em sorgo que podem ser usados com sucesso para essa praga.

Além disso, estão registrados para controle de pulgões em culturas próximas, como a do milho e da cana-de-açúcar, alguns produtos inseticidas para o controle da praga. 

Entre os inseticidas mais utilizados e que têm mostrado uma boa eficácia no controle da praga , estão sulfoxaflor + lambda, cialotrina, imidacloprid e acetamiprid.

A característica da praga de permanecer escondida na parte inferior (abaxial) das folhas baixeiras aumenta o cuidado com a tecnologia de aplicação, para não aplicar produto apenas nas folhas superiores da planta, o que não atingiria o alvo.

É recomendável a adoção de pontas que formam gotas menores, como as utilizadas para aplicação de fungicida, que fazem com que o produto alcance com maior facilidade as partes baixeiras da planta. 

Além disso, vale ressaltar que inseticidas mais sistêmicos podem ter uma efetividade melhor para atingir o inseto-praga.

Controle biológico

Inimigos naturais, como joaninhas (Coccinellidae), tesourinhas, crisopídeos (Chrysopidae) e parasitoides (Aphidiinae) são eficazes no controle biológico do pulgão amarelo. A preservação desses agentes biológicos é crucial para o manejo integrado.

Mesclar os métodos químico e biológico ao fazer o controle do pulgão amarelo também pode ser uma escolha bastante eficiente.

Recomenda-se que os agricultores mantenham um programa regular de monitoramento e estejam sempre atentos às novas técnicas e produtos disponíveis para o manejo de pragas.  

A aplicação de todos os controles como a estratégia de manejo integrado de pragas (MIP) otimiza o controle de pragas agrícolas, conectando conservação ambiental, manejo adequado dos custos e a adequada exploração do potencial produtivo da cultura em questão.

Para ajudar você a fazer o controle inteligente do pulgão amarelo na cultura do sorgo, contamos com a linha de proteção de cultivos da Corteva Agriscience. Acesse o nosso portfólio ou fale com um representante!