Blog •  02/10/2023

Pragas de solo: doenças e impactos na lavoura de milho e soja

Greice Kläsener, Agrônoma de Campo  
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Lavoura com sintomas de ataque do percevejo-castanho-da-raiz

Saiba como a prevenção e o tratamento certo podem diminuir os impactos das pragas de solo nas lavouras.

Inúmeros fatores podem afetar o desenvolvimento inicial da cultura e, consequentemente, a produtividade das lavouras de milho e soja. São eles: temperatura, precipitação, germinação e vigor das sementes, bem como falhas na operação de semeadura e controle de doenças e pragas de solo. 

As pragas de solo atacam a cultura durante a germinação das sementes ou logo após a emergência das plantas. Elas se alimentam de raízes, hastes e pecíolos das plantas jovens, afetando diretamente o estande inicial de plantas.  

A expansão do cultivo de milho e soja em diversas regiões tem contribuído para o aumento do número de pragas de solo que causam injúria nas culturas. Esse fato pode estar ligado ao sistema de produção, pois predomina o cultivo em sucessão de soja/milho. Por esse motivo, acabam se favorecendo a ponte verde, uma vez que existe a presença constante de plantas hospedeiras que servem de alimento e abrigo.

A dessecação antecipada, a rotação de culturas, o sistema de plantio direto e a consequente presença de palhada na superfície do solo são práticas que podem afetar a dinâmica da população de insetos.

Principais pragas de solo com importância econômica

Lagarta-rosca 

A lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) recebe esse nome pelo hábito de se enrolar ao ser tocada. É uma praga polífaga que se alimenta de diversas plantas. A lagarta-rosca possui coloração que varia de cinza-escuro a marrom. Ela apresenta manchas pretas padronizadas em todo o comprimento do corpo, podendo atingir até 50 mm de comprimento. Esse inseto apresenta grande capacidade de postura, sendo que uma fêmea pode colocar, em média, 1.000 ovos. O ciclo de vida varia de 34 a 64 dias. A fase de ovo de quatro dias, a fase de lagarta entre 20 e 40 dias e a fase de pupa de 10 a 20 dias. 

Essa lagarta possui hábito noturno, momento que sai para cortar as plântulas rente ao solo. Dessa forma, nas plantas mais desenvolvidas, pode provocar o sintoma chamado de “coração morto”, pois ao abrir galerias e alimentar-se do tecido de crescimento, provoca o tombamento. No entanto, os ataques da lagarta-rosca podem se estender até o início do florescimento. Durante o dia, abriga-se no solo próximo das plantas. 

Sua ocorrência pode estar associada à presença de plantas hospedeiras na lavoura antes da semeadura, que fornecem condições para a praga sobreviver na lavoura. Além disso, prefere solos mais úmidos e com elevado teor de matéria orgânica. 

Como realizar o tratamento contra a lagarta-rosca

Para o controle efetivo da lagarta-rosca, devemos utilizar diferentes métodos de manejo integrado de pragas, iniciando com o monitoramento e o levantamento do histórico da área. Se constatar a presença da praga, realizar um bom preparo do solo com a eliminação antecipada das plantas hospedeiras é importante. Isso pode ser feito por meio do uso de rolo-faca, que também irá contribuir para a redução da população da lagarta-rosca. A utilização de sementes tratadas e iscas tóxicas espalhadas pela lavoura também são ótimas ferramentas para o controle químico.

 

Caso opte pela aplicação de inseticida, deve ser realizado no final do dia, com o jato dirigido para a base da planta e produtos registrados para a cultura. Além disso, o controle biológico pode ser realizado com a utilização de inimigos naturais (entomopatógenos e microimenópteros) da lagarta-rosca. Contudo, ao associar controles químico e biológico, é preciso ter cuidado: use inseticidas de maneira seletiva para evitar eliminar os organismos benéficos da área.

Percevejo-castanho-da-raiz

O percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea; S. carvalhoi; S. buckupi) é um inseto sugador de seiva que habita o solo e, ao inserir seu estilete para se alimentar das raízes, injeta toxinas que causam sintomas de murcha, amarelamento das folhas, além da redução do porte e morte das plantas. Os danos podem ser causados pelo inseto adulto ou ninfa, e são visualizados em manchas ou grandes reboleiras na lavoura, podendo ser confundido com deficiência nutricional ou doenças. Esse inseto tem ampla distribuição geográfica, porém os danos têm sido mais frequentes em lavouras da região do Cerrado.

O percevejo tem o hábito polífago, portanto, alimenta-se de diversas culturas, sendo favorecido pelo sistema de sucessão soja/milho, plantas de cobertura e até mesmo invasoras. Contudo, sua posição no perfil do solo varia de acordo com a umidade, sendo que nos períodos com baixa umidade os insetos se deslocam para as camadas mais profundas do solo, podendo chegar até 1,5 metro de profundidade. Já nos períodos de chuva (de novembro a março), é possível verificar a presença nas camadas superficiais do solo, e é nessa época que acontece o acasalamento e a dispersão da praga para outras áreas. 

A fase de ninfa compreende cinco instares e dura de quatro a cinco meses, enquanto a fase adulta dura de cinco a sete meses; porém, ninfas e adultos do percevejo atacam e causam danos nas lavouras durante todo esse período. O percevejo adulto possui coloração castanha, enquanto a ninfa apresenta coloração branco-leitosa. 

Como fazer o tratamento do percevejo-castanho-da-raiz

Após instalado na lavoura, o percevejo-castanho-da-raiz é de difícil controle. Por isso, o monitoramento das infestações é fundamental para um bom manejo integrado da praga. Para isso, devem ser realizadas amostragens em diferentes profundidades de solo, sempre levando em consideração a umidade do perfil. Alguns autores citam que a presença de 24 a 40 percevejos por metro linear já é o suficiente para causar perdas nas lavouras.

O controle químico é a forma mais utilizada, mas com eficiência limitada, uma vez que os produtos de ação sistêmica não se acumulam nas raízes, que é o órgão afetado pelos percevejos, sendo fundamental a utilização de sementes tratadas. O uso de bioestimulantes junto ao tratamento de sementes também pode ser mostrar uma ferramenta útil, pois auxilia o desenvolvimento das raízes e arranque inicial da planta. Deve-se utilizar de maneira preventiva a aração do solo e uma adubação equilibrada com fontes de enxofre e cálcio como ferramentas do controle cultural. Já o controle biológico por meio da aplicação via sulco do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae tem se tornado ferramenta de grande importância para o manejo dessa praga. 

Larva-alfinete

A larva-alfinete é a fase larval de uma praga popularmente conhecida como “vaquinha” ou “patriota” (Diabrotica speciosa), responsável por causar grandes danos em diversas culturas, mas principalmente em lavouras de milho. A larva-alfinete possui corpo alongado e fino, sua coloração é esbranquiçada com a cabeça e o final do abdômen pretos. Já o adulto é um besouro de coloração esverdeada e com três manchas amarelas em cada asa. 

Em geral, o adulto realiza a postura dos ovos no solo, que, ao eclodir, atacam as raízes das plantas mais próximas. Nas plantas recém-germinadas, as larvas podem se alimentar das raízes até atingir o ponto de crescimento, causando a morte da planta. Já naquelas plantas mais desenvolvidas, o dano ocorre nas raízes adventícias, prejudicando a absorção de nutrientes e água, além de reduzir a sustentação da planta, que se torna recurvada, causando o sintoma conhecido como “pescoço de ganso”. O adulto se alimenta de folhas, brotações novas, vagens ou frutos, reduzindo a produtividade. 

Tratamento para larva-alfinete

Um dos métodos mais utilizados para o controle da larva-alfinete é a aplicação de inseticidas no sulco e o tratamento de sementes. Além disso, o controle biológico por meio da adoção de fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae também são eficientes. O uso de cultivares de milho transgênico expressando a proteína de Bacillus thuringiensis (Bt) pode ser uma interessante ferramenta de manejo. Contudo, o controle cultural a partir da remoção dos resíduos culturais e dessecação antecipada são estratégias indispensáveis, uma vez que evita a permanência do inseto na área devido à escassez de alimento. 

Considerações finais sobre pragas de solo

Como pudemos perceber, o principal dano do ataque de pragas de solo é a redução do estande de plantas. Acima de tudo, ele apresenta efeito nocivo direto no potencial produtivo da lavoura. Somente o controle químico não é suficiente para minimizar os danos das diferentes pragas de solo. Por isso, é necessário realizar a identificação correta da praga e prosseguir com o uso de diferentes estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Além disso, priorize sempre o uso de sementes com tratamento industrial. Elas proporcionam a garantia do produto certo, colocado da maneira certa, na quantidade certa, além da facilidade na operação do plantio.

A Brevant® Sementes oferece a tecnologia LumiGEN®. Essa opção garante a proteção das plantas nos estágios iniciais de desenvolvimento contra as principais pragas. Consequentemente, temos o melhor estabelecimento da sua lavoura. 

Escrito por Greice Kläsener, Agrônoma de Campo da Brevant® Sementes