Blog •  08/10/2024

Saiba como evitar os danos da matocompetição no milho

 
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Ação preventiva reduz custos, evita perdas de produtividade e previne a disseminação de espécies de plantas daninhas resistentes

A matocompetição, ou competição entre a cultura e as plantas daninhas, representa um dos principais desafios para a produção de milho, sendo um problema significativo para o agronegócio global, resultando em perdas estimadas em cerca de 15% da produção mundial, conforme dados publicados na revista Wedd Science. Na cultura do milho são registradas aproximadamente 246 espécies distintas de plantas daninhas. O agrônomo de campo Carlo Boer, da Brevant® Sementes, esclarece que, ao competir com recursos  como água, luz e nutrientes com a cultura do milho, as plantas daninhas provocam danos significativos, incluindo redução do desenvolvimento das plantas, queda da produtividade, estresse hídrico que resulta no abortamento de espigas, redução do número de grãos e uma maior demanda por insumos, como fertilizantes e irrigação para compensar a perda de nutrientes, o que acarreta no aumento dos custos de produção. 

“A competição por luz pode ser especialmente prejudicial em fases críticas do desenvolvimento do milho, como a emergência e o início do desenvolvimento vegetativo, quando a interceptação da luz pelas plantas daninhas reduz a capacidade fotossintética da cultura, levando a uma menor produção de biomassa e grãos. Todos os fatores envolvidos na matocompetição culminam em uma expressiva redução no rendimento final da lavoura, comprometendo, inclusive, a viabilidade econômica da cultura do milho”, explica.

Manejo preventivo para combater a matocompetição no milho

De acordo com Boer, a ação preventiva no manejo das plantas daninhas é imprescindível para o sucesso da lavoura por diversas razões. Primeiramente, ela mantém a eficácia dos herbicidas ao reduzir o risco de seleção de plantas resistentes, prolongando, assim, a vida útil desses produtos e evitando a necessidade de soluções mais onerosas e complexas no futuro. Além disso, a prevenção por meio de boas práticas culturais e manejo integrado contribui para a redução dos custos de produção, pois o controle preventivo é menos dispendioso do que o manejo de populações resistentes ou infestações avançadas, diminuindo também a dependência do uso intensivo de insumos.

“As plantas daninhas competem com o milho por água, luz e nutrientes desde os estádios iniciais de desenvolvimento da cultura. Caso o controle não seja realizado de forma preventiva, a interferência dessas plantas pode comprometer seriamente o rendimento da lavoura, resultando em perdas significativas de produtividade”, aponta o agrônomo. 

A práticas preventivas também promovem a sustentabilidade, conservando o solo, melhorando a biodiversidade no sistema agrícola e diminuindo a dependência de herbicidas, além de evitar a disseminação de espécies resistentes. “Portanto, o manejo preventivo é uma estratégia eficaz para  assegurar a sustentabilidade e a viabilidade econômica da cultura do milho a longo prazo”, ressalta.

Importância da escolha adequada dos híbridos de milho para mitigar a matocompetição

A escolha do híbrido de milho também desempenha um papel importante no manejo de plantas daninhas e no contexto de resistência a herbicidas. “Atualmente, há no mercado híbridos de milho geneticamente modificados para tolerar herbicidas específicos, como glifosato ou glufosinato. Essas tecnologias permitem o uso de herbicidas seletivos à cultura, com segurança e amplo espectro de ação, facilitando o manejo das plantas daninhas, mesmo na pós-emergência da cultura, sem causar danos à lavoura”, esclarece Boer. 

Um exemplo é o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), uma planta altamente competitiva que representa um desafio recorrente para os produtores de milho, especialmente quando escapa do manejo em culturas anteriores, como a soja. Estudos indicam que, em casos de infestações não controladas, as perdas de rendimento podem atingir até 80%. 

“O capim-pé-de-galinha pode ‘escapar’ do controle químico na cultura da soja quando não é manejado adequadamente. Ao se estabelecer antes da semeadura do milho, o controle dessa planta daninha torna-se significativamente mais difícil. Além disso, essa espécie tem desenvolvido resistência a diversos herbicidas, especialmente em áreas onde há uso repetitivo de produtos com o mesmo mecanismo de ação, como o glifosato. Isso faz do capim-pé-de-galinha uma espécie desafiadora para agricultores que realizam a sucessão de culturas entre a soja e o milho”, destaca o agrônomo.

A biotecnologia PowerCore® Ultra (PWU), amplamente presente nos híbridos da Brevant® Sementes, desempenha um papel fundamental no manejo de plantas daninhas, em especial no controle do capim-pé-de-galinha. “A tecnologia PWU foi especificamente desenvolvida para auxiliar os produtores no manejo de espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas com outros modos de ação e de plantas difíceis de controlar, como o capim-pé-de-galinha. Os híbridos que incorporam a tecnologia  PWU possuem tolerância a diferentes herbicidas, como glifosato e glufosinato. Ao utilizar herbicidas com diversificados mecanismos de ação, os produtores podem evitar a seleção de biótipos resistentes e alcançar um controle mais eficaz”, observa o agrônomo. 

Além de proporcionar maior flexibilidade na aplicação de herbicidas, tanto em pré  quanto em pós-emergência, os híbridos com a tecnologia PWU favorecem a integração de práticas complementares de manejo, como a rotação de culturas e o uso de culturas de cobertura. “Essas abordagens aumentam a eficácia no controle do capim-pé-de-galinha, ao mesmo tempo em que reduzem a pressão da seleção de resistência e melhoram a sustentabilidade do sistema agrícola”, acrescenta o especialista.

Matocompetição: saiba como evitar a resistência aos herbicidas 

Outro ponto relevante neste contexto é a resistência aos herbicidas, que exige a adoção de estratégias de manejo integrado para mitigar o problema e evitar o agravamento da resistência. Boer aponta as principais práticas recomendadas para preservar a eficácia dos herbicidas disponíveis e a manter a produtividade da cultura do milho a longo prazo. Confira.

- Rotação de mecanismos de ação: é fundamental empregar herbicidas com diferentes modos de ação em ciclos sucessivos de aplicação, a fim de prevenir a seleção contínua de plantas daninhas resistentes a um único mecanismo de ação herbicida.

- Manejo integrado de plantas daninhas (MIPD): o produtor deve combinar diferentes  estratégias de controle, como a aplicação de herbicidas, o controle mecânico (capina ou roçada) e práticas culturais (plantio direto com uso de plantas de cobertura) visando reduzir a pressão seletiva sobre as populações de plantas daninhas.

- Rotação de culturas: alternar o cultivo do milho com outras espécies contribui para a mitigação do desenvolvimento de resistência em plantas daninhas por diversificar as práticas de manejo e os herbicidas utilizados. 

- Uso de herbicidas pré-emergentes e pós-emergentes: a aplicação de herbicidas em diferentes estágios do ciclo de desenvolvimento das plantas daninhas previne que elas  alcancem níveis de resistência mais elevados.

- Monitoramento constante: é essencial realizar o acompanhamento da ocorrência de plantas daninhas resistentes e ajustar as estratégias de manejo conforme necessário, incluindo a correta identificação das espécies e a adoção de medidas de controle preventivo.

- Controle de escapes: as plantas daninhas que sobreviverem à aplicação de herbicidas devem ser eliminadas por métodos manuais ou mecânicos, a fim de evitar a disseminação de indivíduos resistentes.

- Uso de misturas de herbicidas: a aplicação de misturas de herbicidas com diferentes mecanismos de ação em uma única operação pode ser eficaz para retardar o desenvolvimento de resistência em plantas daninhas.

Boas práticas agrícolas para evitar a matocompetição na lavoura de milho, segundo o agrônomo Carlo Boer

- A rotação de herbicidas com diferentes modos de ação é uma prática essencial para  prevenir a seleção de plantas daninhas resistentes. A biotecnologia dos híbridos, como o PWU, pode facilitar essa abordagem ao proporcionar tolerância a múltiplos herbicidas.

- Alternar o cultivo do milho com culturas como a soja, o trigo ou o sorgo é uma estratégia eficaz para o controle de diversas espécies de plantas daninhas, tornando a rotação de culturas essencial no controle de espécies resistentes.

- O uso de plantas de cobertura como braquiária, aveia ou crotalária entre os ciclos da cultura de milho pode reduzir a emergência de plantas daninhas, além de melhorar a estrutura do solo e aumentar a retenção de umidade.

- O plantio direto minimiza a mobilização do solo, o que contribui para a redução da germinação de plantas daninhas, especialmente das espécies anuais.

- O uso adequado de herbicidas, conforme as fases de desenvolvimento das plantas daninhas e da cultura do milho, assegura um controle mais eficaz. 

- Monitoramento constante para identificar as plantas daninhas logo no início da infestação, além de registrar as espécies mais problemáticas e sua localização no campo, o que auxilia no planejamento do controle em safras futuras.

- Plantas daninhas que escaparam do controle químico devem ser eliminadas por métodos manuais ou mecânicos, como capina ou roçada, para evitar que produzam sementes e perpetuem a infestação na área. 

- O uso de híbridos tolerantes a herbicidas, como os das tecnologias RR e PWU, facilita o manejo químico de plantas daninhas. Contudo, a biotecnologia deve ser aplicada de forma integrada com outras práticas de manejo para prevenir problemas como o surgimento de resistência.

- O manejo eficiente da irrigação e da adubação assegura que a cultura de milho receba a quantidade ideal de água e nutrientes, aumentando a sua competitividade em relação às plantas daninhas.