Manejo pré-plantio contribui para aumento da produtividade
Estratégia também reduz pragas e plantas daninhas na lavoura e aumenta eficiência da semeadura
Estratégia também reduz pragas e plantas daninhas na lavoura e aumenta eficiência da semeadura
Aumento da produtividade, redução da população de insetos-praga e diminuição da competição de plantas daninhas são alguns dos benefícios do manejo pré-plantio, uma estratégia que visa adequar as condições de solo existentes para favorecer a próxima cultura. De acordo com Ricardo Bahú Zottis, agrônomo de campo da Corteva Agriscience, ao reduzir a incidência de pragas iniciais, como lagartas, percevejos e cigarrinhas, a germinação e a emergência das plantas acontecem livres de danos iniciais. Além disso, ao ter menos competição com as plantas daninhas, a cultura consegue se instalar em um campo “limpo”, aproveitando o máximo dos recursos disponíveis, como água, luz e nutrientes. “Antecipar a adubação torna o processo de semeadura mais ágil e eficiente”, completa ele.
O agrônomo observa que é fundamental fazer um planejamento na propriedade agrícola para fazer o manejo pré-plantio. “Para se ter um melhor aproveitamento da capacidade produtiva da área, cada talhão deve ser tratado de forma individual. O planejamento precisa ser revisado periodicamente no decorrer do desenvolvimento das culturas. Isso é necessário porque existem alguns fatores incontroláveis, como o clima, por exemplo, que podem afetar diretamente algumas atividades predeterminadas, resultando em ajustes ou alterações”, destaca.
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No manejo pré-plantio de uma lavoura, talhão ou gleba, existem diversas etapas. O objetivo, além de aumentar a produtividade, é diminuir as perdas que podem ocorrer durante o desenvolvimento da cultura. “Os manejos utilizados devem visar o sistema de produção e não somente uma cultura isolada. Assim, ao realizar uma operação agrícola, seu efeito traz resultados imediatos, mas poderá ser observado também na cultura sucessora”, afirma Ricardo.
O especialista enfatiza as principais etapas do manejo pré-plantio:
- análises de solo e identificação das características químicas, físicas e biológicas de cada talhão, para utilizar os melhores corretivos e técnicas de plantio que favoreçam a rápida instalação e adaptação da cultura;
- planejamento anual das culturas, cultivares e híbridos a serem semeados nos talhões;
- identificação correta das plantas daninhas e pragas existentes em cada talhão;
- escolha dos melhores herbicidas e inseticidas para controle antecipado de plantas daninhas e pragas, registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e devem ser seguidas as recomendações de aplicação descritas nas bulas, com uso de equipamentos adequados e operadores treinados (a aplicação antes da semeadura deve seguir os critérios de controle estabelecidos no planejamento agrícola);
- após a aplicação dos produtos, levando em consideração o intervalo de segurança para reentrada na área, a eficiência da operação deve ser avaliada; se necessário, pode ser realizada uma nova aplicação antes da semeadura (aplique-plante) ou logo após (plante-aplique).
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Após uma análise detalhada do solo para identificar seu tipo, sua capacidade de uso e suas condições físicas, químicas e biológicas, é possível estimar o potencial mínimo e máximo de rendimento das culturas. “Dentre os sistemas de cultivo, o Plantio Direto na Palha (PDP) é um dos mais eficientes em termos de conservação, pois minimiza as perdas por erosão e melhora a capacidade de retenção de água. O sucesso do PDP depende, dentre outros fatores, de um correto planejamento de rotação de culturas e formação da palhada”, aponta Ricardo.
Para contribuir com a fertilidade do solo, segundo o agrônomo, é necessário que as correções sejam feitas de acordo com o planejamento agrícola antes do plantio (adubação de sistema), na semeadura (adubação de base) e durante o desenvolvimento das principais culturas (adubação de cobertura). Também é importante buscar o equilíbrio dos nutrientes e a maior eficiência dos fertilizantes utilizados. “É fundamental gerar mapas de colheitas de cada talhão, para mensurar e checar com outros mapas, como o de semeadura e fertilidade, pois isso auxilia o planejamento futuro da propriedade”, comenta.
As plantas daninhas são prejudiciais às culturas pelo fato de competirem por água, luz e nutrientes, além de serem hospedeiras de pragas. Segundo Ricardo, existem algumas plantas daninhas de difícil controle, como a buva e o amargoso, que devem ser eliminadas por meio de um planejamento anual pensando no sistema de produção como um todo. No caso do milho, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) visa adotar um conjunto de técnicas para minimizar as perdas provocadas pelas principais pragas, como lagartas, percevejos e cigarrinhas. O uso de inseticidas antecipado ou logo após o plantio e a escolha de sementes tratadas (TSI) fazem parte das estratégias do MIP.
“Dentre essas medidas, a eliminação de plantas voluntárias de milho nas áreas de soja ou feijão é fundamental para reduzir a população dessas pragas e retardar, no caso das lagartas, o surgimento de insetos resistentes às tecnologias. Além disso, no MIP, os plantios sequenciais de milho em uma mesma área ou talhão não é uma prática aceitável, e também é necessário evitar o uso de inseticidas com os mesmos princípios ativos em diferentes gerações das pragas no decorrer do desenvolvimento do milho, para evitar a resistência aos produtos”, esclarece.
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Os percevejos e as cigarrinhas são as pragas sugadoras que podem prejudicar a cultura do milho. “O principal percevejo é o ‘barriga-verde’, cuja presença pode ser observada em todo o ciclo da cultura, sendo que os maiores danos são entre os estádios V1 e V5, quando a ‘picada’ acontece nas folhas enroladas. Entre os estragos causados, estão a perfuração das folhas, a liberação de substâncias tóxicas e o desbalanço hormonal. Ainda podem haver reações de hipersensibilidade na planta, que causam deformações, como redução de porte e tamanho das espigas, o que reflete no rendimento”, explica Ricardo. O produtor deve monitorar a presença de ninfas e adultos até a planta do milho atingir o estádio V6 e o controle deve ser feito quando houver um percevejo por metro quadrado. O ciclo biológico dos percevejos barriga-verde ocorre entre 30 e 36 dias, sendo que os adultos sobrevivem de 45 a 60 dias.
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Já dentre as cigarrinhas, a espécie mais prejudicial é a Dalbulus maidis, um inseto vetor que transmite enfezamento-pálido (espiroplasma), enfezamento-vermelho (fitoplasma) e o vírus da risca do milho (maize raiado fino virus – MRFV). Como ela se reproduz exclusivamente no milho, é essencial que não haja plantas de milho na cultura antecessora no mesmo talhão ou ao lado, sejam voluntárias ou não. “Seu ciclo biológico dura em torno de 27 dias. As fêmeas ovopositam de 400 a 600 ovos e os adultos sobrevivem entre 60 e 90 dias. A presença das cigarrinhas já indica a necessidade de medidas protetivas. Em situações de baixa pressão, o monitoramento e o controle devem ser realizados até as plantas atingirem o estádio V10. Nos casos mais críticos, as aplicações devem seguir até a fase de R2, para evitar perdas de área foliar, principalmente pela produção de fumagina”, elucida o agrônomo. Entre as ações recomendadas para prevenção dessa praga sugadora estão a eliminação de plantas voluntárias de milho na cultura antecessora, evitar semeadura ao lado de lavouras com sintomas de enfezamentos, escolher híbridos com maior tolerância genética, uso de tratamento de sementes com inseticidas registrados, monitoramento constante das lavouras até V8 utilizando inseticidas registrados para diminuir a população do inseto vetor, rotacionar modos de ação de inseticidas, evitar perdas de grãos durante a colheita e utilizar a rotação de culturas para evitar a longevidade da praga.
Você adota o manejo pré-plantio em sua propriedade? Se sim, quais os principais benefícios observados? Conte pra gente nos comentários.