A base de toda a produção agrícola é o solo, o qual não se restringe apenas às suas partículas minerais (areia, silte e argila), mas inclui também organismos vivos, matéria orgânica, água e ar.
O manejo do solo, a proteção e o uso do solo devem se basear, primeiramente, no seu potencial produtivo.
Para um manejo adequado do solo, é necessário considerar suas propriedades físicas (aeração, retenção de água, compactação, estruturação), químicas (reação do solo, disponibilidade de nutrientes, interações entre estes) e biológicas (teor de matéria orgânica, respiração, biomassa de carbono, biomassa de nitrogênio, taxa de colonização e espécies de microrganismos).
O equilíbrio dentre esses fatores reflete no potencial produtivo e na sustentabilidade agrícola. O equilíbrio natural existente entre solo, vegetação, clima e relevo é alterado quando o homem introduz nesse processo práticas de cultivo. Por isso, o manejo é fundamental.
Mas, afinal, o que é manejo do solo?
O manejo do solo envolve todas as práticas utilizadas no solo para a produção agrícola, como práticas culturais, operações de cultivo, práticas de adubação e correção de acidez do solo.
Ela envolve um conjunto de ações que devem ser realizadas nunca de forma isolada, a fim de garantir a melhoria da qualidade do solo. Podemos dividi-las em três pilares de manejo: físico, químico e biológico.
Manejo físico
A taxa de infiltração de água no solo, o escoamento superficial, a drenagem e a erosão são processos diretamente afetados por características físicas do solo.
Para manejar corretamente atributos físicos do solo, precisamos avaliar e conhecer alguns indicadores e sua interferência no sistema produtivo.
No Brasil, os solos são classificados como arenosos, siltosos e argilosos. Solos arenosos apresentam aproximadamente 70% de materiais com granulometria mediana (0,05 a 2 mm), caracterizada como areia. Devido a essa composição, esses solos exibem alta porosidade e absorvem água com maior facilidade. No entanto, são considerados pouco férteis tanto química quanto fisicamente, demonstrando baixo teor de matéria orgânica e elevada acidez (baixo pH). Além disso, são altamente propensos a processos erosivos, sendo comuns em regiões de clima semiárido.
Já os solos argilosos apresentam em 30% de sua composição uma textura muito fina (< 0,002 mm), classificada como argila. Podem ser formados de diversos minerais, especialmente ferro e alumínio. São menos porosos e dispõem de baixa permeabilidade, e em função disso são capazes de reter a água absorvida por mais tempo. Eles são bem estruturados e menos propensos à erosão.
O manejo físico do solo deve possibilitar a conservação da porosidade, aeração e estrutura do solo, de forma que as plantas encontrem ambiente favorável ao desenvolvimento de raízes, sem impedimento físico ou restrição de ar e água – aspectos influenciados, principalmente, pela compactação do solo.
Tome nota: compactação do solo
A compactação é o adensamento do solo, causada por aplicação de energia mecânica, e resultando na diminuição de macroporos e espaço aéreo no solo, podendo interferir na infiltração de água no solo, e em alguns casos até dificultar o crescimento e desenvolvimento de plantas, causando impedimento físico ao estabelecimento de sistemas radiculares.
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Estudos apontam que, ao comparar a relação entre a compactação do solo e a produtividade da soja, quanto mais compactado o solo, maior a perda de produtividade oriunda do fator compactação (BAULTER; CENTURION, 2004).
O planejamento do sistema de produção utilizando rotação de culturas, plantas de cobertura (com capacidade de descompactação do solo e boa produção de massa seca), controle do escoamento superficial/subsuperficial e de práticas como escarificação/subsolagem, em casos de solos mais compactados, podem ser opções para a realização do manejo físico do solo.
Manejo químico do solo
Ao tratarmos do aspecto químico do solo, é importante conhecermos alguns parâmetros-base relacionados a ele, como tipo de solo, teor de argila, capacidade de troca catiônica (CTC), matéria orgânica e pH.
Os elementos químicos no solo estão ligados às partículas de solo por cargas elétricas, que estão diretamente relacionadas com a CTC, a qual é influenciada pelo teor de argila e matéria orgânica do solo.
Busca-se no manejo químico do solo a neutralização de elementos tóxicos e a disponibilidade de elementos benéficos às plantas. O manejo nutricional deve ser realizado por meio da análise química (análise de fertilidade), para diagnóstico e correção dos níveis de nutrientes no solo, a fim de atender as necessidades da cultura e manutenção do sistema.
A atenção deve ser redobrada com o pH do solo. Existe, dentro da escala de pH, uma faixa de maior absorção de nutrientes pelas plantas (pH de 6,0 a 7,0). Fora desta faixa, por mais que o solo apresente maiores teores de nutrientes, estes estarão menos disponíveis à absorção pelas plantas.
Manejo biológico
Há no solo partículas orgânicas e organismos vivos, partículas que são oriundas de resíduos vegetais como palhada residual de cultura anterior e plantas de cobertura.
Fungos, hifas, macro, meso e microfauna do solo contemplam os organismos vivos presentes no solo e desempenham papel fundamental. Atuando conjuntamente, produzem galerias no solo, auxiliam na infiltração de ar e água e decompõem resíduos orgânicos, contribuindo na formação da matéria orgânica. Os excrementos da fauna presente no solo atuam como agente cimentante entre as partículas, melhorando a disponibilidade de nutrientes.
Para tratarmos da biologia do solo, devemos considerar a manutenção desses organismos vivos. Para isso, proporcionar condições favoráveis para seu desenvolvimento é fundamental.
Isso é possível por meio do uso de rotação de culturas, proporcionando resíduos para servir de cobertura do solo e alimento a estes organismos, além de auxiliar na conservação do solo e incremento da matéria orgânica.
El Niño e pontos de atenção para o manejo do solo
A Safra 2023/24 está sendo marcada pela presença do fenômeno climático El Niño.
A característica principal do fenômeno no Brasil é um aumento no volume de precipitações na Região Sul do país e menor volume no Cerrado, bem como temperaturas maiores em todo o país.
Em qualquer cultura agrícola, quando os volumes de chuva são equilibrados, há a expectativa de boa produtividade dentro da safra. Mas dois eventos devem ser ponderados: a estiagem e o excesso de precipitação.
A Safra 2023/24 tem marcado o Sul do país com um quadro de excesso de chuvas, fato que traz problemas no solo e que merecem a atenção do produtor, como descritos a seguir.
Pontos de atenção relacionados ao manejo de solo em condições de excesso de umidade
- Redução da absorção de água e nutrientes. Após a emergência, o excesso de umidade no ar diminui a absorção de água pela planta e, também, os nutrientes do solo;
- O excesso de precipitação pode provocar erosão nas lavouras;
- Embebição das sementes e falta de oxigenação, comprometendo a germinação e desenvolvimento das plântulas;
- Desenvolvimento irregular da lavoura, por falta de sol;
- Maior risco de proliferação de doenças e fungos nas plantações;
- Paralisação ou atrasos nas atividades de campo em alguns momentos, em função do excesso de chuvas.
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No Cerrado, a situação é oposta e a atenção do produtor está voltada à escassez hídrica e ao melhor aproveitamento dos recursos no solo. Nesse quadro, a ordem é tentar maximizar ao máximo a disponibilidade de recurso hídrico à planta, destacando as estratégias de manejo a seguir.
Pontos de atenção relacionados ao manejo de solo em condições de umidade
- Escolha sementes adaptadas ;
- Trabalhe com opções para armazenar água;
- Atenção às previsões climáticas e expectativas para precipitações;
- A promove uma maior potencial de infiltração e disponibilidade para a planta;
- Plantio direto: uma solução já conhecida. ;
- A tecnologia como aliada ao aproveitamento de recursos. Estamos vivendo a agricultura .0. A atual fase da agricultura brasileira permite a coleta de dados de diversas variáveis que ajudam a determinar as melhores datas para os tratos culturais (plantio, aplicação de fertilizantes, irrigação, e outros manejos essenciais);
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Híbridos Brevant® Sementes
Nosso portfólio conta com 16 híbridos adaptados às necessidades de diferentes regiões. Destacamos os híbridos B2782PWU e B2401PWU, ambos com excelente tolerância ao estresse hídrico.
B2782PWU – Híbrido de milho precoce, com ampla adaptação e estabilidade para Safrinha e Safra Verão. Excelente opção para silagem devido ao seu elevado volume e qualidade bromatológica. Apresenta alta tolerância às principais doenças e ao complexo de enfezamento do milho.
B2401PWU – Híbrido de milho consagrado, com adaptação da Região Central até o Norte do Brasil (especialmente PR, GO, MG, SP e todo o Norte), superprecoce, com excelente tolerância às principais doenças, produtividade e estabilidade. Indicado para Safra Verão e Safrinha. Oferece segurança, estabilidade e produtividade.
Referências
BEULTER, A. N.; CENTURION, J. F. Compactação do solo no desenvolvimento radicular e na produtividade da soja. Pesq. Agropec. Bras., Brasília, v. 39, n. 6, p. 581-588, jun. 2004.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
SCOT CONSULTORIA
SIRTOLI, Ângelo Evaristo et al. Diagnóstico e recomendações de manejo do solo: aspectos teóricos e metodológicos. Editor: Marcelo Ricardo de Lima. Curitiba: UFPR/Setor de Ciências Agrárias, 2006.