Blog •  29/04/2024

Lesões e manchas foliares no milho: cercosporiose, diplodia ou mancha-de-bipolaris?

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Mancha foliar no milho

Saiba como identificar três das manchas foliares que mais ocorreram nas últimas Safras de milho.

Escrito por Viviane Ruela, agrônoma de campo Brevant® Sementes.

Nas últimas Safras, houve a ocorrência de manchas foliares mais cedo nas lavouras de milho. Tal fato, por sua vez, exige monitoramento para um controle mais efetivo da lavoura. Afinal, boa parte das manchas foliares que acometem o milho são causadas por patógenos que já se encontram no ambiente. Essa circunstância é acentuada em lugares em que o plantio é de milho sobre milho. 

Muitas vezes, o produtor sente dificuldade para realizar o diagnóstico dessas doenças, pois os sintomas das lesões no início de desenvolvimento podem ser semelhantes.

Como fazer o diagnóstico de mancha foliar no milho

Em fase inicial, a diagnose pode ser mais difícil de se realizar. Portanto, vale entender o comportamento de cada milho híbrido, as doenças com histórico na região e se a lesão está se manifestando na fase vegetativa ou reprodutiva do milho. Esses são alguns dos pontos que podem auxiliar na diferenciação das doenças.

Para uma diagnose mais assertiva, é importante observar os sintomas que a lavoura nos mostra. Sendo assim, as doenças são oriundas da associação de algum patógeno, que geralmente dá sinais. Os sintomas, por sua vez, são as manchas que a planta apresenta. Logo, devemos analisar os sinais do patógeno, caso existam, bem como o ambiente em que a lavoura se encontra.

É importante lembrar que materiais resistentes manifestam as doenças de formas diferentes. Além disso, o ponto de infecção é o início do desenvolvimento da doença fúngica, mas nem sempre é possível visualizá-lo.

Entenda os detalhes que podem auxiliar na diferenciação dessas doenças.

Três manchas foliares mais comuns

Cercosporiose 

Três diferentes espécies ocorrem no Brasil:

  • Cercospora zeae-maydis

  • Cercospora zeina

  • Cercospora sorghi

Características da cercosporiose: lesões retangulares que não ultrapassam as nervuras das folhas. Na face inferior do limbo foliar, é possível ver lesões de coloração acinzentada. Dependendo do genótipo, pode apresentar halos amarelos nas lesões.

Condições favoráveis: entre 22 °C e 30 °C e longo período de molhamento foliar. 

No verão, é mais comum visualizar a cercosporiose na fase reprodutiva do milho, já na Safrinha ela pode aparecer mais cedo. O monitoramento é indispensável para o sucesso na aplicação de fungicida, pois, uma vez que a doença esteja instalada com alta pressão, há perda de produtividade. Além disso, a doença sobrevive em restos culturais.

Controle da cercosporiose: Triazol. Em casos de pressão alta, tentar identificar os primeiros sinais da doença, reduzir o intervalo de aplicação de fungicidas e evitar mais de duas aplicações da mesma molécula.

Diplodia 

  • Stenocarpella macrospora

Características: lesões arredondadas, que podem ser mais alongadas com marcas concêntricas do crescimento da lesão a partir do ponto de infecção. Geralmente, o ponto de infecção é bem nítido nessa doença.

Condições favoráveis: temperatura entre 25 °C e 30 °C, alta umidade e molhamento foliar favorecem o desenvolvimento da doença.

Controle da diplodia: produtos à base de Triazol têm bom controle.

Mancha-de-bipolaris

  • Bipolaris maydis

Em campo, é difícil distingui-la da cercosporiose. Trata-se de uma doença antiga, que vem causando danos em várias regiões do Brasil.

Características: o formato e o tamanho das lesões podem variar de acordo com o genótipo do hospedeiro e da raça do patógeno. A esse respeito, a raça que mais ocorre no Brasil é a 0, mas existem mais duas (T e C) ligadas ao citoplasma de macho esterilidade. Outra característica é que as lesões começam ovaladas e vão se alongando conforme a evolução da doença.

Condições favoráveis: temperatura entre 20 °C e 32 °C e alta umidade. A doença começa nos primeiros estágios vegetativos, portanto, é preciso monitorar e avaliar o controle desde o início da cultura do milho.

A doença costuma aparecer muito cedo, em estágios vegetativos V3 e V4 em regiões com histórico. Assim, é preciso monitorar e realizar as aplicações de fungicida mais cedo, pois como a doença evolui muito rápido, pode haver exaustão de colmo em alta pressão. 

Para uma lavoura produtiva, é importante o acompanhamento e monitoramento das pragas e principais doenças, como as citadas acima. Também é preciso ter atenção à tecnologia e ao volume de calda do fungicida aplicado. Sendo os patógenos identificados em fase inicial, indica-se já realizar o manejo adequado para cada doença.