Etanol de sorgo: viabilizando o crescimento da cultura no Brasil
Descubra como o sorgo se destaca na produção de etanol, competindo com o milho, e as vantagens de seu cultivo na segunda safra no Brasil.
Descubra como o sorgo se destaca na produção de etanol, competindo com o milho, e as vantagens de seu cultivo na segunda safra no Brasil.
Historicamente, o sorgo era considerado um cultivo marginal. Ele é usado principalmente em condições de fechamento de janela de plantio da segunda Safra, em solos pouco férteis e com baixo investimento. No entanto, com as mudanças climáticas dos últimos anos e a busca por maior estabilidade na produção, o sorgo tem ganhado importância na segunda Safra. De acordo com dados da Conab (julho de 2024), a área plantada com sorgo cresceu 40% nos últimos três anos, não só nos estados tradicionais, como Goiás e Minas Gerais, mas também em Mato Grosso, Bahia e Piauí, onde a cultura tem se expandido rapidamente.
Um fator positivo para a cultura do sorgo atualmente é o aumento dos investimentos em indústrias de biocombustível, especialmente de etanol. Essas indústrias estão ampliando e construindo novas plantas que podem processar vários cereais, além do milho, como sorgo, trigo e milheto. Uma das maiores indústrias de etanol do país anunciou que, com a inauguração de novas plantas em 2024 e 2025, terá capacidade para processar 2 milhões de toneladas de sorgo por ano. Isso representa 40% da produção nacional. A instalação dessas indústrias em estados como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Bahia pode tornar o sorgo uma das culturas com maior potencial de crescimento. Essa ação oferece uma opção rentável para os agricultores na segunda Safra.
Com vistas ao potencial aumento da demanda de sorgo para a produção de etanol, a Corteva Agriscience, líder do mercado de sementes de sorgo, iniciou um estudo em parceria com empresas do setor de etanol. O objetivo é avaliar o potencial de rendimento de etanol dos seus híbridos de sorgo e milho. Por fim, trazer mais informação para os agricultores, parceiros comerciais e para a indústria.
Os primeiros resultados desse trabalho mostram que o potencial de produção de etanol do sorgo granífero equipara-se com o milho, sendo uma função direta do percentual de amido dos grãos. Dessa forma, conhecer as características dos híbridos e aplicar os manejos adequados para obtenção de altos teores de amido nos grãos são fundamentais para a viabilidade do sorgo nesse processo.
Comparando os híbridos de sorgo com os híbridos de milho, principalmente nas condições de final da janela de plantio da segunda Safra, os resultados mostraram que o sorgo pode apresentar teores de amido e rendimento de etanol até superiores que o milho, evidenciando a maior segurança do sorgo nas janelas de plantio mais desafiadoras, sem competição direta com o milho, que tem melhores condições de exploração de potencial nas janelas de abertura e meio da Safrinha.
Gráfico 1. Correlação entre percentual de amido e rendimento de etanol.
Gráfico 2. Comparativo das médias de amido e rendimento de etanol entre milho e sorgo.
Características dos híbridos, como tamanho, profundidade e peso de grãos (PMG), além do nível de investimento aplicado, influenciam no teor de amido, sendo que quanto melhor o investimento na cultura, melhor a competitividade na produção de etanol. Percentuais de amido acima de 70% deveriam ser o alvo para a cultura do sorgo, ficando assim nos mesmos níveis médios do milho. As diferenças em relação ao nível de investimento são mais intensas no milho. Quando observamos o portfólio da Corteva Agriscience (Brevant® Sementes), alguns produtos se diferenciam pelo seu alto percentual de amido (P2900PWU). Eles ultrapassam 75% de amido, cinco pontos percentuais acima da média dos demais produtos avaliados no trabalho, com 39,5 L/ton a mais de etanol.
Gráfico 3. Comparativo das médias de rendimento de etanol entre milho e sorgo em função do nível de investimento.
Quando observado o portfólio de sorgo da Corteva Agriscience frente aos concorrentes de mercado utilizados no ensaio, observou-se uma média maior tanto de amido quanto de rendimento de etanol. Esse estudo se aplica aos híbridos da Corteva Agriscience da ordem de 2,3%, garantindo maior competitividade para o produtor e para a indústria.
Gráfico 4. Diferencial de amido e rendimento de etanol dos híbridos de sorgo da Corteva em relação aos concorrentes do mercado.
Por fim, esse trabalho mostra o potencial do sorgo no mercado de etanol. No entanto, uma parte importante da receita das indústrias de etanol estão baseadas nos coprodutos gerados no processo. Desta forma, seguimos estudando as características desses coprodutos gerados com a utilização de sorgo, comparados com o milho, principalmente em relação ao DDG/DDGS. Além disso, buscamos combinações de blend entre milho e sorgo, leveduras e melhorias de processo, que melhorem ainda mais as características do produto final.
Escrito por Juliano Andrade, Alcides Ita, Arquimedes Oliveira, Agrônomos de Campo Corteva Agriscience