El Niño 2023/24: impactos na soja brasileira. Saiba como o fenômeno afeta a Safra e quais as estratégias para minimizar riscos.
O El Niño provoca alterações na circulação geral da atmosfera. Isso implica consequências em vários países, como o aumento da temperatura média no verão. Já no inverno, as temperaturas mínimas podem ficar muito abaixo da média esperada.
A Safra 2023/24 de soja no Brasil carregou em seu planejamento uma atenção importante por parte dos produtores rurais: o clima. O fenômeno El Niño provoca, de Norte a Sul do país, consequências na produção de grãos. Além disso, exige que os produtores tenham cuidado redobrado em ações de manejo e decisões relacionadas ao cultivo da soja, que são consideradas essenciais e que fazem a diferença no resultado de um ciclo produtivo.
Em períodos de clima instável, a adequada preparação do perfil do solo, especialmente em regiões com solo mais arenoso, juntamente à seleção de variedades que melhor se adaptam às condições locais e um eficiente manejo fitossanitário da cultura, incluindo o tratamento de sementes e o controle de pragas e doenças, são estratégias essenciais para reduzir os riscos na produção de grãos.
Foto: Laurício Moraes – Milho em estágio reprodutivo na Região Oeste.
O atraso nas chuvas de primavera/verão e chuvas irregulares na época de plantio e durante o ciclo da soja nas regiões produtoras de grãos do Brasil trazem consequências para a Safra. Entre elas, a irregularidade de estandes de plantas e a dificuldade no manejo de pragas como a mosca-branca, a cigarrinha-do-milho e as lagartas da soja, bem como doenças, por exemplo a ferrugem da soja. Além dos danos bióticos citados, há também os danos abióticos, como excesso de luz, temperatura e respiração das plantas, bem como elevada radiação solar.
Para reduzir perdas de produtividade no sistema produtivo, é primordial entender e antever as intempéries climáticas com práticas de conservação do solo, manejo de palha e plantas de cobertura, bem como técnicas que possibilitem melhores respostas das plantas.
Foto: Laurício Moraes – área de sequeiro com soja colhida precocemente por redução de ciclo durante a Safra 2023/24.
O “El Niño” refere-se ao aquecimento anormal das águas do Pacífico. Ele altera temporariamente a distribuição de umidade e calor no planeta, principalmente na zona tropical. Também ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos e tem duração média que varia entre 12 a 18 meses.
Com a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico, o El Niño é responsável por alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em várias áreas do planeta. No Brasil, ele ocasiona secas prolongadas na Região Norte e provoca chuvas acima do normal para a Região Sul do Brasil.
Esse fenômeno tem periodicidade média de ocorrência a cada cinco ou sete anos e provoca secas no sudeste da Ásia e nos países da Oceania. As chuvas são intensificadas na região central do Pacífico, assim como na costa oeste norte-americana. A América Central experimenta tempo quente e seco, sendo que a variação média da temperatura dos oceanos dá-se no intervalo de 2 ºC a 3,5 ºC.
Por fim, na América do Sul, recebe-se tempo quente e chuvoso na costa do Oceano Pacífico. Por isso, o Brasil sofre com secas prolongadas e calor no Norte e Nordeste, além de chuvas intensas e volumosas na Região Sul. No Sudeste e Centro-Oeste ocorrem chuvas abaixo da média.
Fonte: National Oceanic Atmospheric Administration - NOAA (2023).
"O El Niño está diretamente associado aos ventos alísios — um sistema de ventos que sopram em direção ao Equador no sentido leste–oeste. Em anos de ocorrência do fenômeno, os alísios apresentam intensidade menor do que a convencional. Quando isso acontece, a ressurgência de água fria na costa oeste da América do Sul perde a força e a água quente avança sobre essa região, o que implica o acréscimo das temperaturas gerais do oceano."
Escrito por Dr. Laurício Moraes – Agronomia Corteva Agriscience/Brevant® Sementes Região Oeste
