Blog •  09/09/2024

Diplodia no milho e podridão de grãos: estratégias de controle e biologia

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Folhas de milho com sintomas de infecção por Diplodia, apresentando manchas marrons alongadas e áreas necrosadas que se espalham ao longo das nervuras centrais. As folhas exibem uma coloração verde, com áreas afetadas mostrando descoloração amarelada e marrom. A plantação de milho ao fundo está em estágio vegetativo avançado.

Entenda a podridão de grãos de milho por diplodia (Stenocarpella spp.). Conheça sintomas, condições favoráveis e controle para maximizar a produção.

A podridão dos grãos de milho causada pelo agente patogênico Stenocarpella spp. (diplodia), principal doença dos grãos de milho no Brasil, nesta Safra, foi favorecida pela alta umidade e concentração do plantio em janeiro para a maioria das áreas do Cerrado brasileiro. A janela ideal de plantio trouxe muitos desafios no posicionamento dos híbridos de milho. A expansão do cultivo em várias regiões do Brasil e a amplitude dos híbridos trouxe-nos a oportunidade de plantio praticamente o ano todo. Alguns patógenos oportunistas, classificados como necrotróficos — sobreviventes em restos culturais —, aproveitam-se da falta de rotação de culturas para potencializar prejuízos ao cultivo.

Entretanto, atentar-se para a favorabilidade climática na ocasião do plantio e o estágio vegetativo da cultura, bem como a probabilidade de infecção dos principais patógenos, torna-se crucial para o bom aproveitamento do conjunto de técnicas de manejo para os híbridos.

Desafios da produção de milho no Brasil

Outro fator determinante para a escalada da epidemia de doenças na cultura do milho são as condições climáticas durante o cultivo, pois sabe-se que as boas condições para as doenças também são concomitantes para extrair o máximo potencial genético da planta.

Diplodia: identificação e sintomatologia

Esse patógeno é considerado o causador dos maiores problemas em regiões de clima quente e úmido. A resistência genética é tratada como a melhor estratégia de manejo.

  • Condições favoráveis: temperaturas de 24 a 30 °C e alta umidade.

  • Sintomas: iniciam com pontos escuros e halos cloróticos.

  • Sobrevivência: restos de culturas.

  • Perdas: infecta o tecido foliar, colmos e espigas; contribui para o aumento da taxa de grãos ardidos e podridão de colmos.

  • Potencial de perda: impacto de 15 a 30%; em grãos, 40%.

  • Manejo: resistência genética, fungicidas, época de semeadura, rotação de culturas, equilíbrio nutricional.

As lesões se iniciam com pequenas pontuações negras na folha e no caule da planta de milho (foto A).

Em seguida, evoluem para a folha da planta de milho, conforme foto abaixo: detalhe do ponto central da lesão (foto B).

Logo após, o fungo penetra na base da espiga, pelo pedúnculo, e aloja-se entre os grãos da espiga, encontrando a temperatura e a umidade ideais, dando o aspecto esbranquiçado na espiga (foto C).

 

Estratégias de manejo da diplodia

As estratégias de manejo para esse patógeno compreendem principalmente os seguintes fatores:

  1. Posicionar os híbridos de menor sensibilidade na abertura de plantio.

  2. Utilizar estratégias de manejo químico com aplicações até o pré-pendão (três), reduzindo a taxa de progresso da doença.

  3. Utilizar a combinação de híbridos de acordo com a região.

  4. Respeitar o posicionamento dos híbridos para cada região.

  5. Atentar-se para a favorabilidade climática antes do pendoamento do híbrido.

Quantificando as perdas por diplodia

A podridão branca da espiga pode causar redução na produtividade e na qualidade dos grãos colhidos. Muitos fungos causadores de podridão da espiga produzem micotoxinas que podem afetar também o valor econômico do grão e o valor nutricional da ração (Molin, Valentini, 1999). Shurtleff (1992) e White (1999) não mencionam Stenocarpella como produtor de micotoxinas. No entanto, Cutler et al. (1980) relatam uma toxina denominada diplodiol, produzida por S. macrospora, enquanto Williams et al. (1992) descrevem a ocorrência de uma doença chamada diplodiose em patos jovens, ratos, bovinos e ovelhas, causada por uma toxina ainda não identificada, produzida por S. maydis.

A mancha de S. macrospora é detectada com maior frequência e intensidade nas lavouras de milho conduzidas em monocultura (Casa et al., 2000; Reis, Casa, 2000). Além de infectar as folhas e, em muitas situações, dilacerar o tecido foliar necrosado, reduzindo a área foliar da planta, a doença torna-se mais grave em virtude da grande produção de inóculo sobre lesões, o que contribui para o aumento do potencial de inóculo para a infecção do colmo e da espiga.

No Brasil, os danos por Stenocarpella spp. ainda estão em fase de quantificação, porém sabe-se que causam grãos ardidos.

Estratégias de manejo das doenças (geral)

Outras doenças foliares do sistema também atacam de acordo com a região. Destacam-se: a cercospora (C. zea-mays e C. zeina), a mancha-branca (Phaeosphaeria maydis, Phyllosticta maydis), o turcicum (Exserohilum turcicum) e a estria-bacteriana (Xanthomonas vasicola).

O uso de fungicida, o posicionamento correto dos híbridos e a atenção ao ambiente tornam-se a melhor estratégia de manejo das doenças do milho. O produtor deve ficar atento aos sinais do ambiente e usar todas as estratégias para o enfrentamento dessa doença do milho.

Referências bibliográficas:

CASA, R. T., REIS, E. M., ZAMBOLIM, L. Fungos associados à semente de milho produzida nas regiões sul e sudeste do Brasil. Fitopatologia Brasileira, v. 23, p. 370-373, 1998a. 

MOLIN, R., VALENTINI, M. L. (Org.). SIMPÓSIO SOBRE MICOTOXINAS EM GRÃOS. 1999, Ponta Grossa. [Anais…]. São Paulo: Fundação Cargill; Fundação ABC, 1999. 

WILLIAMS, K. C. et al. Assesment for animal feed of maize kernels naturally-infected predominantly with Fusarium moniliforme and Diplodia maydis I. Fungal isolations and changes in chemical composition. Australian Journal of Agricultural Research, v. 43, p. 773-782, 1992.