Diplodia no milho e podridão de grãos: estratégias de controle e biologia
Entenda a podridão de grãos de milho por diplodia (Stenocarpella spp.). Conheça sintomas, condições favoráveis e controle para maximizar a produção.
Entenda a podridão de grãos de milho por diplodia (Stenocarpella spp.). Conheça sintomas, condições favoráveis e controle para maximizar a produção.
A podridão dos grãos de milho causada pelo agente patogênico Stenocarpella spp. (diplodia), principal doença dos grãos de milho no Brasil, nesta Safra, foi favorecida pela alta umidade e concentração do plantio em janeiro para a maioria das áreas do Cerrado brasileiro. A janela ideal de plantio trouxe muitos desafios no posicionamento dos híbridos de milho. A expansão do cultivo em várias regiões do Brasil e a amplitude dos híbridos trouxe-nos a oportunidade de plantio praticamente o ano todo. Alguns patógenos oportunistas, classificados como necrotróficos — sobreviventes em restos culturais —, aproveitam-se da falta de rotação de culturas para potencializar prejuízos ao cultivo.
Entretanto, atentar-se para a favorabilidade climática na ocasião do plantio e o estágio vegetativo da cultura, bem como a probabilidade de infecção dos principais patógenos, torna-se crucial para o bom aproveitamento do conjunto de técnicas de manejo para os híbridos.
Outro fator determinante para a escalada da epidemia de doenças na cultura do milho são as condições climáticas durante o cultivo, pois sabe-se que as boas condições para as doenças também são concomitantes para extrair o máximo potencial genético da planta.
Esse patógeno é considerado o causador dos maiores problemas em regiões de clima quente e úmido. A resistência genética é tratada como a melhor estratégia de manejo.
Condições favoráveis: temperaturas de 24 a 30 °C e alta umidade.
Sintomas: iniciam com pontos escuros e halos cloróticos.
Sobrevivência: restos de culturas.
Perdas: infecta o tecido foliar, colmos e espigas; contribui para o aumento da taxa de grãos ardidos e podridão de colmos.
Potencial de perda: impacto de 15 a 30%; em grãos, 40%.
Manejo: resistência genética, fungicidas, época de semeadura, rotação de culturas, equilíbrio nutricional.
As lesões se iniciam com pequenas pontuações negras na folha e no caule da planta de milho (foto A).
Em seguida, evoluem para a folha da planta de milho, conforme foto abaixo: detalhe do ponto central da lesão (foto B).
Logo após, o fungo penetra na base da espiga, pelo pedúnculo, e aloja-se entre os grãos da espiga, encontrando a temperatura e a umidade ideais, dando o aspecto esbranquiçado na espiga (foto C).
As estratégias de manejo para esse patógeno compreendem principalmente os seguintes fatores:
Posicionar os híbridos de menor sensibilidade na abertura de plantio.
Utilizar estratégias de manejo químico com aplicações até o pré-pendão (três), reduzindo a taxa de progresso da doença.
Utilizar a combinação de híbridos de acordo com a região.
Respeitar o posicionamento dos híbridos para cada região.
Atentar-se para a favorabilidade climática antes do pendoamento do híbrido.
A podridão branca da espiga pode causar redução na produtividade e na qualidade dos grãos colhidos. Muitos fungos causadores de podridão da espiga produzem micotoxinas que podem afetar também o valor econômico do grão e o valor nutricional da ração (Molin, Valentini, 1999). Shurtleff (1992) e White (1999) não mencionam Stenocarpella como produtor de micotoxinas. No entanto, Cutler et al. (1980) relatam uma toxina denominada diplodiol, produzida por S. macrospora, enquanto Williams et al. (1992) descrevem a ocorrência de uma doença chamada diplodiose em patos jovens, ratos, bovinos e ovelhas, causada por uma toxina ainda não identificada, produzida por S. maydis.
A mancha de S. macrospora é detectada com maior frequência e intensidade nas lavouras de milho conduzidas em monocultura (Casa et al., 2000; Reis, Casa, 2000). Além de infectar as folhas e, em muitas situações, dilacerar o tecido foliar necrosado, reduzindo a área foliar da planta, a doença torna-se mais grave em virtude da grande produção de inóculo sobre lesões, o que contribui para o aumento do potencial de inóculo para a infecção do colmo e da espiga.
No Brasil, os danos por Stenocarpella spp. ainda estão em fase de quantificação, porém sabe-se que causam grãos ardidos.
Outras doenças foliares do sistema também atacam de acordo com a região. Destacam-se: a cercospora (C. zea-mays e C. zeina), a mancha-branca (Phaeosphaeria maydis, Phyllosticta maydis), o turcicum (Exserohilum turcicum) e a estria-bacteriana (Xanthomonas vasicola).
O uso de fungicida, o posicionamento correto dos híbridos e a atenção ao ambiente tornam-se a melhor estratégia de manejo das doenças do milho. O produtor deve ficar atento aos sinais do ambiente e usar todas as estratégias para o enfrentamento dessa doença do milho.
Referências bibliográficas:
CASA, R. T., REIS, E. M., ZAMBOLIM, L. Fungos associados à semente de milho produzida nas regiões sul e sudeste do Brasil. Fitopatologia Brasileira, v. 23, p. 370-373, 1998a.
MOLIN, R., VALENTINI, M. L. (Org.). SIMPÓSIO SOBRE MICOTOXINAS EM GRÃOS. 1999, Ponta Grossa. [Anais…]. São Paulo: Fundação Cargill; Fundação ABC, 1999.
WILLIAMS, K. C. et al. Assesment for animal feed of maize kernels naturally-infected predominantly with Fusarium moniliforme and Diplodia maydis I. Fungal isolations and changes in chemical composition. Australian Journal of Agricultural Research, v. 43, p. 773-782, 1992.