Barter, alternativa de crédito vantajosa para o agronegócio
Pequenos, médios e grandes produtores podem se beneficiar de operação financeira Barter, baseada na troca de parte da produção por insumos.
Pequenos, médios e grandes produtores podem se beneficiar de operação financeira Barter, baseada na troca de parte da produção por insumos.
Encontrar alternativas de crédito no agronegócio pode ser um desafio para os produtores: a pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostrou que para quase 60% dos entrevistados o crédito rural é a demanda mais importante para o campo.
Em complemento a esse dado, um estudo encomendado pela Corteva Agriscience e realizado pela consultoria Spark sobre jornada de compra mostrou que 50% dos produtores precisam dispor de recursos próprios como principal fonte de financiamento na compra de insumos, sementes e defensivos agrícolas.
Devido aos altos valores do financiamento, emprestar dinheiro para custear a atividade produtiva normalmente exige garantias.
E a terra, por si só, não é uma boa moeda no agronegócio, já que não há quantidade suficiente para todos os credores e o produtor depende dela para sua subsistência.
Entretanto, a produção pode servir como uma boa opção para fazer pagamentos ou financiamento para comprar insumos ou até mesmo máquinas agrícolas.
Essa operação é chamada de Barter – do inglês, trocar ou permutar.
A operação Barter é uma prática onde produtores trocam seus produtos, como grãos, por insumos agrícolas, como fertilizantes, sementes ou equipamentos.
Essa troca direta elimina a necessidade de dinheiro, facilitando o acesso a recursos essenciais para a produção.
Por exemplo, um produtor pode trocar uma determinada quantidade de soja com uma empresa fornecedora de fertilizantes. Assim, enquanto a empresa garante matéria-prima para seus processos, o produtor rural obtém os insumos necessários para a próxima safra, criando um ciclo vantajoso para ambas as partes.
Esse tipo de operação pode ser uma alternativa mais vantajosa e eficiente para o produtor custear sua lavoura, segundo Filipi Belloni, gerente de Barter da Corteva Agriscience.
Essa opção é indicada para todas as classes de produtores, seja pequeno, médio ou grande. “Ela permite que o produtor gerencie melhor os seus riscos em relação à oscilação de preços de commodity, já que ele fixa parte do custo de produção.
Quando você compra na oferta de Barter, você negocia uma relação de troca e já fixa parte do seu custo referente aquele insumo que está comprando.
Além de ter outros benefícios que você pode agregar dentro da oferta Barter, como uma participação de alta, na qual você pode fixar e ainda, sim, participar de uma eventual alta do preço da commodity.
Enfim, são vários mecanismos que o Barter pode oferecer que ajudam muito o produtor a minimizar os riscos e aumentar a rentabilidade dentro da lavoura”, ressalta.
Melhores condições para a aquisição de insumos a prazo ou à vista, utilizar a produção armazenada, segurança do ponto de vista comercial, gerenciamento de custo e rentabilidade certa da operação são outros benefícios que a operação de Barter oferece.
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Belloni explica que é difícil afirmar qual a melhor opção entre as alternativas de crédito existentes no mercado, pois isso pode variar conforme o perfil de cada produtor e outros aspectos que podem influenciar a escolha.
“O que eu posso assegurar é que a operação de Barter com certeza figura entre as duas melhores e mais vantajosas alternativas de crédito para o produtor, porque é possível adquirir os produtos nas melhores condições possíveis, utilizar mecanismos para gerenciar a oscilação de preços da commodity e evitar riscos a todos os agentes envolvidos, já que existem garantias atreladas a esse tipo de operação”, destaca.
Na operação de Barter, o produtor deve ter em mente que precisa formalizar uma garantia, como a Cédula de Produto Rural (CPR).
Cada fornecedor tem os seus requisitos para a CPR: no caso da Corteva Agriscience, por exemplo, Belloni esclarece que a CPR tem que estar em primeiro grau de penhor, ter o Cadastro Ambiental Rural (CAR) regularizado e outros documentos acessórios.
Além disso, é necessário fixar parte da produção com um trading por meio de um contrato de compra e venda da commodity acompanhado de uma cessão de crédito. “É importante ressaltar que existe um prazo para formalizar a documentação”, observa.
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As vantagens das operações de Barter são para todos os agentes envolvidos e não apenas para os produtores, pois traz segurança na comercialização e no recebimento.
De maneira geral, considerando todas as grandes culturas (café, soja, milho, algodão, cana, etc.), entre 15 e 25% da comercialização de insumos no Brasil é feita via Barter, aponta Belloni. E a tendência é que os produtores tenham cada vez mais acesso a essa ferramenta.
“Todos os agentes da cadeia do agronegócio devem apresentar ou já apresentam a ferramenta de Barter como uma opção de crédito. O produtor tem um bom gerenciamento da porteira para dentro, mas existem oportunidades da porteira para fora e aí entra o papel da operação de Barter, que visa auxiliar ele nesse sentido”, comenta.
O gerente ainda acrescenta que a digitalização é um caminho sem volta para as operações de Barter, facilitando a formalização dos documentos inerentes à operação. “Hoje, existem algumas plataformas no mercado que já fazem parte do processo de maneira digital. Mas devemos ver em um futuro próximo tudo sendo feito digitalmente, tornando o processo mais simples e ágil”, acredita.
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Segundo Belloni, a melhor condição para comprar produtos da Corteva Agriscience é por meio dos programas de Barter.
Além de possibilitar o acesso às melhores condições na aquisição de insumos, sejam químicos ou sementes, é possível melhorar a rentabilidade da lavoura participando de uma eventual alta nos preços de commodities.
Para ter acesso, o produtor deve conversar com o seu representante comercial e solicitar ofertas de Barter para os produtos que deseja comprar.
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Barter e escambo: semelhante, porém diferente
O Barter é parecido com o escambo, que surgiu no início de um sistema pré-capitalista, quando ainda não existia moeda para a comercialização de produtos e eram feitas apenas trocas.
Entretanto, apesar de uma pequena semelhança, ele é diferente: no escambo as trocas aconteciam de maneira direta, de um produto pelo outro. Já no caso do Barter, a operação envolve três agentes – o produtor agrícola, o trading e o fornecedor de insumos.
O produtor garante a compra de insumos por meio da entrega da sua produção futura ou disponível ao trading, que, por sua vez, faz o pagamento direto ao fornecedor em nome do produtor.
Produtor: adquire os insumos para produzir e se compromete a entregar parte da produção da lavoura para o trading.
Fornecedor: vende os insumos para o produtor e recebe o pagamento diretamente do trading.
Trading: recebe a commodity e faz o pagamento direto para o fornecedor em nome do produtor relativo à compra dos insumos.