Blog •  10/05/2022

Manejo integrado de pragas (MIP) em rotação de culturas

Escrito por Amanda Skokoff, Médica Veterinária e Analista de Mercado
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Artigo Blog Manejo de Pragas

Técnica visa à redução das populações de pragas a níveis que não ocasionem danos econômicos

Os ataques de pragas são responsáveis por grandes perdas nas produções agrícolas. Perdas essas que, além da ação direta das pragas nas lavouras, podem estar vinculadas a danos ao solo, ambiente e alterações fisiológicas das plantas.

Dentre os principais métodos de controle de pragas, figuram os fitossanitários. No entanto, quando não são bem manejados, os danos associados ao uso dessa medida de controle podem ser ainda maiores, podendo ocasionar desde a seleção de pragas resistentes até danos ao meio ambiente.

Assim, em um contexto de aplicação inconsciente desses compostos, surgiu o conceito de manejo integrado de pragas (MIP).

O manejo integrado de pragas (MIP) busca otimizar o controle de pragas agrícolas, conectando conservação ambiental, manejo adequado dos custos e a adequada exploração do potencial produtivo da cultura em questão. A ferramenta consiste na integração de métodos de controle para estabelecer um manejo adequado.

Princípios da técnica de manejo

Em primeiro lugar, a avaliação das condições de ambiente é essencial. É imprescindível conhecer os aspectos associados às condições climáticas e ambientais da área de cultivo, a fenologia da cultura e as principais pragas que a acometem. A visão ampla do agroecossistema garante maior efetividade.

Outro ponto fundamental para se atingir os melhores resultados da prática é o monitoramento das culturas, por meio de amostragens, que visam avaliar o nível populacional das pragas e os danos à lavoura.

Para estabelecer o momento de ação é necessário conhecer o nível de controle das principais pragas que acometem sua área. O nível de controle (NC) consiste, basicamente, no momento adequado de controle da praga e antecede o nível de dano econômico (NDE). Desse modo, se o controle for realizado em um nível igual ou inferior ao NC, não haverá danos econômicos à lavoura, variando de acordo com a praga e a cultura instalada.

Métodos de controle

Com conhecimento quanto ao momento ideal de intervir, é preciso estabelecer as táticas a serem utilizadas. Um dos pontos mais vantajosos do MIP é a possibilidade de optar por ações que não sejam necessariamente o uso de defensivos químicos, que são mais caros e podem comprometer o equilíbrio entre pragas e inimigos naturais. Destacamos alguns tipos de controle a seguir:

Controle cultural: consiste em práticas agrícolas que tornarão a área inóspita para a praga, gerando condições adversas que impedem seu estabelecimento ou restringem sua disseminação. Tratando-se de uma medida preventiva, é importante a realização de um bom planejamento.

Dentre as técnicas para o controle cultural a serem desenvolvidas nesse tipo de controle estão: rotação de culturas, época de plantio adequada, destruição de restos culturais, irrigação e adubação correta, preparo do solo, manejo de poda, desfolha etc.

Controle biológico: atuação por meio do uso de inimigos naturais à praga. A técnica consiste em conservar a presença dos inimigos naturais na área ou liberá-los intencionalmente para que contribuam com o controle populacional.

Controle comportamental: baseia-se no uso de semioquímicos, ou seja, substâncias que modificam o comportamento da praga, seja com a finalidade de repelir, criar armadilhas ou até mesmo gerar um ambiente que dificulte a replicação desses organismos. Como exemplos, podemos citar o uso de armadilhas de feromônios, plantas repelentes, armadilhas luminosas ou adesivas etc.

Controle genético/varietal: consiste na modificação do genoma, seja da planta, como o caso da soja e milho Bt, fazendo com que ela expresse proteínas de controle, seja da própria praga, tornando machos estéreis e, assim, reduzindo seu potencial reprodutivo.

Controle químico: aplicação de produtos fitossanitários no controle de pragas, devendo-se atentar ao uso racional e a rotação de compostos, evitando o desenvolvimento de resistência química.

Tomada de ação

O MIP não tem como objetivo combater infestações de pragas, mas sim controlá-las, mantendo seus níveis populacionais abaixo dos níveis de danos econômicos, favorecendo o equilíbrio natural e atuando eficazmente na sustentabilidade da produção agrícola.

O controle de pragas irá variar de acordo com o compreendimento do produtor quanto ao agroecossistema da sua cultura, os recursos disponíveis e até mesmo os objetivos da produção.

 

Referências

EMBRAPA.

OLIVEIRA, C. M. et al. Crop losses and the economic impact of insect pests on Brazilian agriculture. Crop Protection, v. 56, p. 50-54, 2014. 

MATIOLI, T. F. Tudo o que você precisa saber sobre Manejo Integrado de Pragas (MIP). Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/manejo-integrado-de-pragas/>. Acesso em: 26 abr 2022.