Controle biológico de pragas agrícolas
Alternativa aos Defensivos Químicos para Agricultura Sustentável.
Alternativa aos Defensivos Químicos para Agricultura Sustentável.
O controle biológico é uma estratégia sustentável e alternativa para o uso de defensivos químicos para o manejo de pragas agrícolas e insetos transmissores de doenças, baseada no uso de inimigos naturais das pragas para controlar sua população, podendo ser outros insetos benéficos, predadores, parasitoides e microrganismos como fungos, vírus e bactérias.
No Brasil, controlar biologicamente as pragas tem se tornado alternativa cada vez mais utilizada na agricultura, buscando reduzir o uso de defensivos químicos e os impactos ambientais, conservar os recursos naturais e manter a sustentabilidade dos agroecossistemas.
Os agentes de controle biológico são específicos para cada tipo de praga, o que minimiza os impactos sobre outras espécies não alvo.
É importante ressaltar que o sucesso do controle biológico depende de uma série de fatores, como o conhecimento das características biológicas e ecológicas das pragas e de seus inimigos naturais, a escolha correta dos agentes de controle, a adoção de práticas de manejo adequadas e a integração de diferentes métodos de controle.
Além disso, controlar biologicamente é uma opção de manejo que pode ser integrada a outras práticas, como o uso de cultivares resistentes, a rotação de culturas e o uso de armadilhas, como parte de um manejo integrado de pragas.
Abordamos, em outra oportunidade no blog, conteúdo sobre o Manejo integrado de pragas (MIP) em rotação de culturas, em que o controle biológico de pragas faz parte da estratégia de manejo.
● Predadores
Insetos predadores como joaninhas, crisopídeos, ácaros predadores, aranhas e alguns besouros se alimentam de ovos, larvas, pupas ou adultos das pragas, controlando sua população de forma natural e eficaz.
A utilização pode ser de diferentes formas, como a liberação de insetos predadores na área, uso de plantas atrativas ou a preservação de habitats naturais que abrigam os insetos predadores.
● Patógenos
São microrganismos como fungos, vírus e bactérias que infectam as pragas, causando doenças e reduzindo sua população. Esses microrganismos são seletivos, ou seja, atacam apenas as pragas-alvo, sem prejudicar outros organismos benéficos presentes na área.
Alguns exemplos de patógenos utilizados para controlar biologicamente são o Bacillus thuringiensis, um tipo de bactéria que é tóxica para larvas de insetos, e o fungo Beauveria bassiana, que infecta e mata pragas, como pulgões, tripes e cigarrinhas.
● Parasitoides
São insetos que se alimentam e depositam seus ovos dentro do corpo das pragas hospedeiras, onde as larvas se desenvolvem, e acabam matando-as. Os parasitoides são altamente específicos, ou seja, atacam apenas uma espécie de praga, o que os torna uma opção segura para controlar biologicamente.
Alguns exemplos são as vespas parasitoides, que depositam seus ovos em ovos ou larvas de pragas como lagartas e moscas-brancas, e as moscas parasitoides, que depositam seus ovos em larvas de moscas-das-frutas.
Existem diferentes tipos de controle biológico, que podem ser aplicados de acordo com as características da praga, do ambiente de cultivo e dos objetivos do produtor. Veja a seguir.
● Natural
Nesse tipo de controle, os inimigos naturais das pragas já estão presentes no ambiente de cultivo e atuam de forma natural.
O manejo consiste em criar condições favoráveis para a multiplicação e ação dos inimigos naturais, como a preservação de habitats, a utilização de plantas que atraem os inimigos naturais e a redução do uso ou escolha de defensivos químicos seletivos que não prejudiquem os inimigos naturais.
● Aplicado
Os inimigos naturais são introduzidos na área de cultivo para controle das pragas. São criados em laboratório e liberados no ambiente de cultivo em momentos estratégicos, visando estabelecer uma população estável capaz de controlar as pragas.
É utilizado quando os inimigos naturais não estão presentes na área de cultivo ou não são suficientes para controlar as pragas.
● Clássico
Esse método consiste em trazer inimigos naturais do país de origem de pragas exóticas que eventualmente entraram no Brasil.
Um exemplo na soja é o uso de parasitoides. Por exemplo, a vespa Trichogramma pretiosum é utilizada para controlar biologicamente lagartas da soja, como a Helicoverpa armigera. A vespa deposita seus ovos nos ovos das lagartas, impedindo que elas se desenvolvam e causem danos à soja.
Outra abordagem de controle biológico na soja é o uso de microrganismos patogênicos para as pragas. Por exemplo, o fungo Baculovirus anticarsia pode ser utilizado no controle da Anticarsia gemmatalis. O fungo é aplicado nas plantas de soja, onde as lagartas entram em contato com o microrganismo e são infectadas, levando à sua morte.
Além disso, bactérias como Bacillus thuringiensis também têm sido utilizadas para controlar biologicamente lagartas na soja, por produzirem proteínas tóxicas aos insetos-praga.
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma das principais pragas do milho. Para controlar biologicamente, são usados o baculovírus, Bacillus thuringiensis, e o parasitoide de ovos Trichogramma. As vespas parasitoides depositam seus ovos nos ovos das pragas, impedindo o desenvolvimento das larvas e reduzindo sua população.
Outro importante inseto-praga é o percevejo-castanho (Scaptocoris castanea e Atarsocoris brachiariae), que se alimentam principalmente da raiz do milho. Para seu controle, é utilizado o fungo Metarhizium anisopliae.
A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) transmite doenças viróticas e o controle com inseticidas ou com variedades resistentes apresentam baixa taxa de sucesso. Com isso, o uso dos fungos Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana ou dos parasitoides Anagrus breviphragma e Oligosita spp. se apresentam eficazes no controle do inseto-praga.
A Corteva® conta com uma linha de produtos biológicos que pode auxiliar o produtor no controle de pragas, reduzindo o uso de produtos químicos e aumentando a produção sustentável.
O Tezpetix™ Beauve é um inseticida microbiológico composto por uma cepa exclusiva do fungo Beauveria bassiana para o controle da cigarrinha-do-milho e do percevejo-barriga-verde. Saiba mais sobre este inseticida.
Já o Inlayon™ é um nematicida microbiológico indicado para o controle de Pratylenchus brachyurus. É uma solução natural, com uma cepa exclusiva descoberta no Brasil, eficaz no controle de nematoides e que pode ser combinada com outros produtos, como fertilizantes e inoculantes e o Inlayon™ ECO, para o controle de nematoides que atingem os canaviais, como o Pratylenchus zeae e o Meloidogyne javanica, versão sustentável e eficiente do produto, aprovado para uso via sulco no controle dos principais nematoides que afetam a cana-de-açúcar.
Referências
CRUZ, Ivan. Controle biológico de pragas do milho: uma oportunidade para os agricultores. Brasília: Embrapa, 2022.
EMBRAPA. Tecnologias de produção de soja. Londrina, 2013.
PICANÇO, Marcelo Coutinho. Manejo integrado de pragas. Viçosa: UFV, 2010.