O sistema pode potencializar a mitigação de emissões e gerar mais benefícios ecossistêmicos e a diminuição da pressão por desmatamento
O Brasil tem papel central na produção e fornecimento mundial de alimentos. Nos últimos anos são crescentes as exigências socioambientais, com destaque às emissões de gases de efeito estufa, como o metano, na pecuária.
Na agricultura, o aumento de produtividade em meio à manutenção da área é fundamental. Nesse sentido, o uso de inovações para uma operação mais sustentável é fundamental, e a integração entre culturas possui importante papel.
Entre as tecnologias de mitigação das emissões de gases causadores do efeito estufa está o sistema de integração, estratégia de produção que pode integrar diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área.
Figura 1. Simulação de integração lavoura-pecuária
Fonte: Scot Consultoria
Esses sistemas integrados fazem a combinação de dois ou até três componentes em um mesmo sistema produtivo, sendo eles definidos como:
- ILP: integração lavoura-pecuária ou sistema agropastoril.
- ILF: integração lavoura-floresta ou sistema silviagrícola.
- IPF: integração pecuária-floresta ou sistema silvipastoril.
- ILPF: integração lavoura-pecuária-floresta ou sistema agrossilvipastoril.
Essa dinâmica entre os elementos no sistema solo-planta-atmosfera traz diversos benefícios, entre eles a manutenção da biodiversidade e sustentabilidade da agropecuária e mitigação das emissões de gases causadoras de efeito estufa.
Neste aspecto, por meio de políticas públicas, como o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), o Brasil tem buscado responder aos compromissos de redução de emissão de GEE no setor agropecuário, preconizados na Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC).
A meta estipulada pelo Plano ABC em 2009 era de aumentar em 4 milhões de hectares a área com ILPF em todo o país até 2020.
Entre 2010 e 2015 o incremento foi 108,2% ou 5,96 milhões de hectares de áreas com ILPF, responsável pelo sequestro de 21,8 milhões de toneladas de CO2eq no período.
Entre 2015 e 2021 a estimativa é que o incremento nas áreas com sistemas integrados tenha sido de 52%, estimado em 17,43 milhões de hectares.
Figura 2. Evolução da área em sistemas integrados (ILP ou ILPF) no Brasil, em milhões de hectares.
Fonte: Rede/ Embrapa / Elaboração Scot Consultoria
A ILP, além da produção de forma sustentável, possibilita ganhos econômicos em meio a diversos arranjos produtivos, fornecendo um leque de oportunidades aos produtores.
Após a colheita da soja, normalmente planta-se milho safrinha em torno de 50% da área colhida (janela de plantio), assim, para aproveitar os outros 50% da área, o produtor pode entrar com outros componentes que, além de trazer retornos econômicos, podem trazer benefícios para o solo, por exemplo.
Apresentamos algumas vantagens em meio à implantação de diferentes culturas em sistemas de integração e possíveis retornos médios:
Estima-se também que, em função da intensificação da ciclagem de nutrientes que o sistema oferece, há um aumento da produtividade das culturas em sistemas integrados em torno de 15 a 20 sacas/ha a mais do que o plantio convencional.
Os sistemas integrados (ILP) têm como objetivo a eficiência de uso da terra, fazendo a integração dos componentes do sistema produtivo, visando atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade.
A integração de culturas apresenta-se como uma estratégia para maximizar efeitos desejáveis no ambiente, aliando a produtividade com a conservação de recursos naturais no processo de intensificação de uso das áreas já abertas no Brasil.
Thayná Drugowick - zootecnista
Scot Consultoria