Entre as Boas Práticas Agrícolas para retardar a seleção de insetos resistentes às proteínas Bts, está o Refúgio Estruturado Efetivo, que ajuda a preservar a tecnologia Bt.
Uma grande aliada para a proteção das lavouras contra o ataque de pragas é a tecnologia Bt. Ela confere às plantas a capacidade de resistir a alguns tipos de insetos-praga, por meio da inserção de genes da bactéria Bacillus thuringiensis, que produz uma proteína tóxica para eles.
No entanto, sem um bom programa de Manejo Integrado de Pragas e adoção de Boas Práticas Agrícolas, essa tecnologia pode ter sua eficácia comprometida, já que com o passar do tempo os insetos podem desenvolver resistência às proteínas Bts. Para melhor proteção e produtividade das lavouras, é importante que toda a cadeia produtiva de grãos esteja comprometida em preservar a tecnologia Bt.
O termo Bt é composto pelas iniciais do nome científico da bactéria Bacillus thuringiensis, encontrada naturalmente no solo. Ela produz uma proteína, ou cristais proteicos, que é tóxica para diversas espécies de insetos. As plantas com a tecnologia Bt têm ação inseticida eficaz para o manejo das principais pragas presentes nas lavouras.
Os cristais proteicos produzidos pelas bactérias são também conhecidos como proteínas Cry. Estas proteínas são inofensivas aos seres humanos e demais mamíferos, além de apresentarem um baixo impacto para inimigos naturais.
Para exercerem seus efeitos, as proteínas presentes nas plantas Bt devem ser ingeridas pelos insetos-alvo. Quando isso acontece, elas entram em contato com o fluido gástrico dos insetos, liberando protoxinas que são quebradas e geram fragmentos tóxicos, ou moléculas inseticidas. A partir disso, é desencadeada uma série de ocorrências internas que causam a morte do inseto.
A adoção de Boas Práticas Agrícolas no Manejo Integrado das Pragas é fundamental para a durabilidade e eficácia das tecnologias atuais, principalmente a Bt. Segundo o líder de portfolio de milho da Corteva Agriscience Brasil, Jerson Grieco Moreira da Silva, as boas práticas são uma série de ações com a finalidade de manter a longevidade e eficácia da tecnologia Bt no milho.
“Estas ações contribuem para que não haja um ambiente favorável ao desenvolvimento de populações resistentes de insetos. A finalidade das Boas Prática Agrícolas é manter a eficácia da tecnologia Bt, facilitando o manejo da lavoura”, diz ele.
No Brasil, seis estratégias de manejo foram identificadas pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) e pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), para que o manejo integrado em tecnologias Bt seja bem-sucedido. São elas: a dessecação antecipada, prática que elimina a vegetação de uma área antes da semeadura; o uso de sementes certificadas; o tratamento de sementes; o controle de plantas daninhas e voluntárias; o monitoramento de pragas e a adoção do Refúgio Estruturado Efetivo.
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O Refúgio Estruturado Efetivo é uma área destinada ao plantio de sementes não Bt em meio às sementes geneticamente modificadas, com o objetivo de manter uma população de pragas suscetíveis à proteína Bt. Nesta área, o inseto-praga não estará exposto à proteína Bt.
Sua função é permitir a sobrevivência de insetos suscetíveis à tecnologia Bt, para que eles acasalem com os insetos sobreviventes das áreas plantadas com a tecnologia. Deste cruzamento, nascerá uma descendência que poderá ser melhor manejada pela tecnologia Bt. O resultado dessa ação é a manutenção da eficácia do Bt contra insetos-praga.
O refúgio agrícola refere-se à plantação de uma área com um percentual de sementes não Bt, em meio às transgênicas. Na área de refúgio o inseto-praga não estará exposto à pressão de seleção pela proteína Bt.
No início, o plantio de sementes com a tecnologia Bt auxilia no controle efetivo dos insetos, mas a médio prazo essa escolha fará com que os indivíduos que são naturalmente resistentes à proteína sejam selecionados e, com o passar do tempo, se tornem a maioria.
Segundo Silva, a tecnologia Bt é muito eficaz em auxiliar no controle de algumas espécies de insetos. Na natureza, porém, existe diversidade genética nas populações de insetos, e genes de resistência ao Bt estão presentes.
O principal objetivo da adoção e plantio das áreas de refúgio é retardar a evolução da resistência dos insetos, mantendo a população das pragas que são sensíveis à toxina Bt e aumentando a durabilidade da tecnologia.
A ausência do Refúgio Estruturado Efetivo pode aumentar a presença de insetos-praga resistentes à tecnologia Bt, reduzindo a eficácia da tecnologia e o controle eficiente de pragas na lavoura. Além disso, se o refúgio for adotado de forma incorreta, também podem haver prejuízos.
“O plantio de lavouras Bt sem o Refúgio Estruturado Efetivo pode acelerar o processo de desenvolvimento de populações de insetos resistentes à proteína. Quando não há um ambiente para a livre multiplicação de indivíduos suscetíveis ao Bt, como é o refúgio, a frequência de indivíduos resistentes aumenta rapidamente e a tecnologia perde a eficácia”, alerta Silva.
Confira abaixo algumas recomendações importantes na hora de plantar o refúgio.
Localização – A área deve ser cuidadosamente escolhida para que possa produzir insetos suscetíveis em quantidade suficiente para acasalarem com sobreviventes das plantas Bt. A área pode ser em bloco, perímetro, faixa ou em conjunto com outra cultura.
Cultura – O refúgio deve ser plantado na mesma área e época da cultura Bt, seguindo o mesmo manejo. As plantas devem ser de espécies idênticas, com porte e ciclo similares. Isso aumenta as chances de acasalamento entre os insetos das duas áreas.
Tamanho – O tamanho da área de refúgio vai depender da cultura utilizada. No milho, por exemplo, o refúgio efetivo deve ser de 10%, e na soja e no algodão, de 20% da área total plantada com a tecnologia Bt.
Distância – É preciso respeitar o limite máximo de 800 metros de distância entre a cultura Bt e a área de refúgio. Se a distância e o percentual recomendados para cada cultura não forem respeitados, diminuem as chances dos insetos resistentes das lavouras Bt encontrarem parceiros suscetíveis para acasalamento.
O refúgio deve ser plantado na mesma área e na mesma época da cultura Bt, seguindo o mesmo manejo. As plantas devem ser da mesma espécie e possuir porte e ciclo similares aos dessas plantas. Com isso, as chances de acasalamento entre os insetos dessas duas áreas serão maiores.
O PowerCore® Ultra é uma tecnologia Bt da Brevant® Sementes com quatro proteínas de ação inseticida que auxiliam na proteção contra as populações suscetíveis dos principais insetos-pragas da cultura do milho, durante todo o ciclo da planta. Associados a essas proteínas Bt, o produto também contém genes que conferem tolerância do milho a alguns herbicidas não seletivos para a cultura, que são o glifosato e o glufosinato.
“O controle de insetos pelo PowerCore® Ultra se dá pela ingestão de tecidos da planta pelo inseto. Uma pequena porção de tecido ingerido, geralmente folhas, é suficiente para causar a morte do inseto pela formação de poros letais no trato digestivo do inseto”, explica Silva.
Os resultados das lavouras demonstram a grande contribuição do produto no auxílio ao controle de insetos pragas da cultura do milho. Além disso, a tecnologia PowerCore® Ultra é aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que atestou sua segurança para os seres humanos, animais e para o meio ambiente.
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