Seja qual for o tamanho da propriedade ou o tipo de cultura a ser cultivada em uma lavoura, o sucesso nos resultados da safra tem relação direta com os esforços dedicados ao planejamento agrícola, que começa muito antes da semeadura ou plantio.
O planejamento agrícola envolve o conhecimento e dimensionamento do espaço produtivo, como solo, clima, relevo, escolha da semente, tipos e quantidades de fertilizantes e insumos, manejo de pragas e doenças, entre outros aspectos. É nesse momento que o produtor determina as estratégias para alcançar maior produtividade, reduzir custos e manter a sustentabilidade do seu negócio.
O pesquisador da Embrapa Solos, Ademir Fontana, membro da Caravana Embrapa FertBrasil, explica que o planejamento contribui para amenizar riscos que fazem parte da atividade agrícola. As informações reunidas no planejamento vão orientar a tomada de decisão e amenizar esses riscos.
“Independentemente do tamanho da propriedade, conhecendo as limitações e os potenciais disponíveis em cada gleba ou talhão, o produtor vai definir prioridades e estabelecer áreas de maior produção e de menor investimento de insumos. Ele saberá, por exemplo, qual o momento certo para semear ou plantar e quais insumos serão utilizados.”
Segundo Fontana, com o planejamento é possível responder a quatro questões essenciais: onde, como, quanto (aplicação insumos) e quando (semear ou plantar). Neste contexto, o clima e o solo são dois dos principais fatores que interferem na produtividade de uma lavoura. Por esse motivo, eles devem estar presentes no planejamento da safra, sendo considerados a base da produção agrícola.
O pesquisador destaca que conhecer o solo é uma das etapas importantes dentro do planejamento agrícola. Segundo ele, muitos agricultores afirmam conhecer o solo que cultivam, porém a maioria das análises realizadas não ultrapassam as camadas superficiais.
“Existem solos que têm uma grande camada de impedimento para água e nutrientes além dos 20 centímetros, abaixo da amostragem que é comumente realizada e o produtor não sabe. Se acontecer um veranico, os seus riscos aumentam, e essa faixa pequena de espaço de desenvolvimento pode se tornar um problemão.”
Com esta situação, é necessário fazer uma avaliação mais profunda do solo, em laboratório, nos aspectos físicos (textura), químicos (nutrientes e acidez) e biológicos (saúde do solo ou enzimas), até as camadas mais profundas.
Ele recomenda que as análises de solo sejam realizadas em camadas e, pelo menos uma vez, até um metro de profundidade.Assim, será possível identificar qual a sua composição, ou se há impedimento químico. “Com isto, é possível dimensionar e entender melhor o tamanho da ‘caixa’ para nutrientes e água, além do espaço para o desenvolvimento das raízes.”
O próximo passo é interpretar a análise, para saber o quanto as características do solo interferem na sua produtividade e quais os fatores de risco, visando a aplicação de estratégias para minimizá-los e garantir a produção.
O planejamento agrícola é fundamental para a sustentabilidade do solo. Ao examinar o solo profundamente, o profissional da área pode detectar graus de limitação e potencialidades, para a definição das oportunidades e ameaças.
“Em função das características de solo e relevo, o produtor poderá estabelecer áreas prioritárias para uso, considerando os riscos de degradação ou melhor conservação. Ele vai saber a disponibilidade de nutrientes e água, e onde o solo está saudável para absorver melhor insumos”, explica.
O produtor pode contar com diversas ferramentas para auxiliar no planejamento agrícola. É possível utilizar tabelas e gráficos com dados históricos obtidos das safras anteriores, interpolando com as análises de solo, o que facilita a organização e o diagnóstico com base nas informações coletadas.
Existem ainda os aplicativos que fornecem dados essenciais para um planejamento básico. “Alguns aplicativos indicam uma lista de cultivares recomendadas e não recomendadas para aquela região, alertam sobre risco climático e detalham sobre o tipo de solo predominante em determinada área, entre outros que podem ser vistos no site da Caravana Embrapa FertBrasil”, diz Fontana.
A Caravana Embrapa FertBrasil é uma iniciativa que busca levar aos agricultores e técnicos as soluções e tecnologias disponíveis para combater problemas que afetam a agricultura brasileira. Por meio da caravana, os produtores têm acesso às mais recentes pesquisas e informações da Embrapa, que dão suporte maior para a tomada de decisões. A edição 2022 tratou do aumento da eficiência no uso de fertilizantes e de insumos para a nutrição de plantas. Assista aqui a palestra do pesquisador Ademir Fontana.
Sete passos para um bom planejamento agrícola1. Objetivos – Defina os objetivos que deseja alcançar, como produção de alimentos, pastagem, lucro, produtividade, diversificação de culturas. 2. Análise do solo e clima – Faça uma análise detalhada do solo e do clima da área de cultivo para identificar quais culturas são mais adequadas para essas condições. 3. Escolha das culturas – Escolha as culturas que deseja cultivar de acordo com os objetivos e as condições do solo e clima. 4. Planejamento das atividades – Defina um cronograma detalhado das atividades agrícolas a serem realizadas, como plantio, adubação, irrigação, colheita. 5. Planejamento financeiro – Faça um orçamento detalhado para as atividades agrícolas, incluindo os custos de mão de obra, equipamentos, insumos. 6. Riscos – Adequar o planejamento às possíveis mudanças climáticas ou outros imprevistos. 7. Acompanhamento – Monitore regularmente as atividades e avalie os resultados para fazer ajustes no planejamento, se necessário. |
Uma ação importante dentro do planejamento agrícola é utilização do Tratamento de Sementes Industrial (TSI), em especial a aplicação de nematicidas biológicos ainda no início do plantio. Eles são utilizados para controlar os nematóides, que são pragas de solo invisíveis a olho nu. Aliados a outros produtos como inseticidas e fungicidas, os nematicidas auxiliam na proteção do cultivo, para todas as demais fases das plantas.
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