Blog •  17/08/2023

Mercado de soja: você sabe o que é o prêmio de exportação?

Felipe Fabbri, zootecnista, me 
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planta de soja

Chicago, dólar e prêmio. Fatores que todo sojicultor brasileiro deve acompanhar de perto.

 

Fatores de formação do preço da soja

A soja é a cultura agrícola mais importante do Brasil, seja em termos de produção ou em razão dos valores financeiros que movimentam a balança comercial nacional.

Conhecer o processo de formação do preço da soja pode ajudar a entender este mercado agrícola e na tomada de decisões mais assertivas sobre a compra e a venda da commodity.

Não é novidade para ninguém que o preço da soja não é definido pelo produtor, que trabalha do plantio à colheita da safra. Não são, também, governos, fundos de investimento ou tradings que o determinam.

O mercado determina o preço da soja

Como a soja é uma commodity (produto produzido em escala internacional, com qualidades e características homogêneas), seu preço é definido pela oferta e demanda do mercado internacional.

Se os estoques estiverem mais elevados, os preços tendem a se manter mais baixos, em relação à sua média histórica. Se os estoques estiverem mais baixos, os preços tendem a se manter mais elevados. Já comentamos sobre os estoques finais de soja e sua importância em outro momento aqui no blog.

No mercado internacional, a principal fonte de formação do preço da soja é a Chicago Board of Trade (CBOT), popularmente conhecida como Bolsa de Chicago. Sendo este o primeiro grande formador do preço da commodity.

A cotação na Bolsa de Chicago é dada em dólares por bushel (US$/bushel).

Tome nota.

O bushel é uma unidade de medida para commodities secas, como cereais, utilizada nos sistemas de pesos e medidas dos Estados Unidos e Inglaterra. Para a soja, um bushel equivale a 27,21kg.

Assim, no Brasil, o segundo fator de formação do preço da soja em grão é a cotação da moeda norte-americana, uma vez que os preços no mercado interno são dados em reais e a cotação na Bolsa de Chicago em dólares.

Por fim, o terceiro ponto de formação é o prêmio. Fator que, muitas vezes, gera muita dúvida ao produtor, principalmente aquele que está começando a entender sobre a dinâmica no mercado da oleaginosa.

O termo prêmio, ou basis, é amplamente utilizado em mercados de commodities que têm uma bolsa de referência.

O prêmio nada mais é do que o apetite pelo comprador, ou seja, o quanto a demanda está aquecida ou não, podendo os prêmios serem positivos ou negativos. O prêmio também é mensurado em dólares por bushel (US$/bushel).

Por exemplo, no período de safra no Brasil (março/abril), há maior oferta e, com isso, a tendência é de que os prêmios caiam. Salvo exceções, como em momentos de quebra de produção no mercado internacional e no próprio mercado brasileiro.

Em resumo, sem o prêmio de exportação, haveria uma disparidade entre os preços da soja dos principais países exportadores, o que traria um desequilíbrio à competição internacional. Além do fator oferta, os prêmios também podem ser significativamente influenciados pelo custo de frete.

Prêmio de exportação - grande “vilão” na Safra 2022/23

Conforme comentamos, o prêmio pode trabalhar positivo ou negativo, a depender do apetite do comprador e da oferta no mercado global. 

Na Safra 2022/23, o prêmio de exportação nos portos brasileiros operou, por vários momentos, no negativo. A maior oferta na safra brasileira, com a dificuldade de armazenagem vivenciada pelo país, impôs forte pressão vendedora, tirou o apetite pelo comprador em pagar  prêmios à soja brasileira, colocando, inclusive, valores negativos à conta e ao dólar abaixo dos R$ 5,00, impulsionou o movimento de baixa observado no primeiro semestre de 2023 (figura 1). 

Figura 1. Preços nominais da soja, em R$/saca, no Porto de Paranaguá/PR

Fonte: Scot Consultoria

Apesar do quadro ruim ao produtor - que viu a remuneração pelo seu produto cair, o movimento, porém, favoreceu os embarques brasileiros da oleaginosa, que ganharam espaço em termos de preço e competitividade em meio à quebra de produção da Argentina e dos Estados Unidos em 2022/23. Veja na figura 2.

Figura 2. Dados referentes à exportação brasileira de soja (volumes, preços e faturamento)

Fonte: Comex

Precificação da soja - entendendo na prática

Com base nessas informações, como posso estimar o preço da soja no mercado brasileiro, considerando os contratos futuros?

Tomaremos como referência o fechamento de preços em 16 de junho de 2023, para os contratos futuros em julho e agosto na Bolsa de Chicago, e os prêmios pagos à soja no porto de Paranaguá/PR.

A moeda norte-americana, considerando a mesma data de referência, encerrou o dia cotada a R$ 4,83. Com essas informações, podemos estimar o preço da soja, no porto de Paranaguá, nos contratos futuros em questão. Veja na tabela 1.

Tabela 1. Referência para os contratos futuros de soja e prêmio portuário (Paranaguá)

Data-base: 16/6/23

Fonte: CBOT / Broadcast

Devemos levar em consideração que a referência apresentada toma como base o porto de Paranaguá e que despesas logísticas e de frete, do interior ao porto, também podem ser descontados e influenciar a referência da saca ao redor do país ou do próprio estado, o chamado diferencial de base.

É fundamental ao produtor estar atento às oportunidades em que possa utilizar ferramentas para a proteção de seu preço, como o mercado futuro ou o mercado de opções.

Referências

B3 – Brasil, Bolsa e Balcão

Chicago Board of Trade – CBOT

Scot Consultoria