Blog •  17/03/2023

Vaquinha-da-soja: problema maior no desenvolvimento inicial da cultura

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Vaquinha da Soja

Comumente chamada de vaquinha-da-soja, vaquinha-patriota ou apenas vaquinha, a Diabrotica speciosa é um inseto polífago, que pode atacar diferentes tipos de espécies produtivas, como milho, soja, feijão, batata, entre outras.

O controle do inseto-praga é dificultado pela sua característica alimentar. Ambientes com rotação de cultura soja-milho levam a uma persistência populacional, sendo necessário um sistema de manejo integrado bem trabalhado.

Também, ao longo do seu ciclo de vida, sua importância é distinta para as culturas. Sua fase larval, chamada de larva-alfinete, não causa um impacto significante para a soja e outras leguminosas, como tem para o milho e a batata.

Biologia da D. speciosa

Os adultos medem, em média, 4,5mm de comprimento e têm coloração característica, verde brilhante com listras (manchas) amarelas ovais, com cabeça amarronzada e abdome verde (figura 1).

Figura 1
Adulto de Diabrotica speciosa em vista dorsal

Fonte: Embrapa

A larva é esbranquiçada e mede até 10mm de comprimento (1cm) quando completamente desenvolvida, com a cabeça, pernas torácicas e tórax pretos.

O inseto adulto tem longevidade em média de 48 dias para machos e 55 dias para fêmeas, sendo o período pré-pupal de 5 dias, o pupal de 7 dias, com incubação de até 8 dias e o período larval de 18 dias.

Os ovos são amarelados, têm até 0,5mm de diâmetro e são depositados em solo úmido ao redor da planta, onde a presença das larvas-alfinetes é de 90% da população no entorno da planta-alvo (detalhe fundamental para o controle do inseto-praga).

Figura 2
Ciclo biológico de D. speciosa

Fonte: Embrapa

Dano causado pelo inseto-praga

Como já citado, para as culturas de leguminosas, o inseto adulto é o principal causador de danos para a lavoura.

O ataque é configurado por pequenos danos circulares na folha, que podem atingir o ponto de desfolha da cultura. O dano principal seria ao atingir os cotilédones, o que interfere diretamente no desenvolvimento da planta.

Flores e vagens pequenas também podem ser danificadas, gerando um impacto direto na produtividade da área e na qualidade do produto colhido.

Seu maior impacto no início do desenvolvimento da cultura leva a uma maior necessidade de controle logo no início da semeadura, evitando futuras infestações e danos na formação das plântulas.

Figura 3
Dano causado nas folhas por D. speciosa

Fonte: Mais soja

Figura 4
Dano causado nas vagens por D. speciosa

Fonte: Mais soja

Como controlar a vaquinha-da-soja

Os principais pilares para o controle da vaquinha-da-soja ocorrem por meio de controle cultural, controle biológico e controle químico.

O controle cultural é adotado principalmente em áreas de plantio direto e em áreas onde ocorre a sucessão de culturas de soja e milho. O controle pode ser realizado de algumas formas, como: destruição de restos culturais, eliminando plantas hospedeiras que contribuem para o aparecimento de vaquinha na área; e preparo do solo, que tem por finalidade destruir ovos ou larvas que estejam presentes na área, principalmente em área de plantio direto.

O emprego de Celatoria bosqi e Centistes gasseni, como predadores naturais, e os fungos Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Paecilomyces lilacinus também têm resultados promissores para o controle biológico da praga, tanto da fase larval quanto da adulta do inseto.

Por fim, o controle químico é o método mais utilizado para controlar a infestação de vaquinha na cultura da soja. Existem produtos do grupo dos neonicotinoides e piretroides registrados para a cultura, que podem ser utilizados em aplicação em pós-emergência da cultura. Em certos casos, é viável realizar controle apenas nas reboleiras onde ocorre o ataque. A escolha da estratégia de controle mais adequada sempre dependerá da situação do ataque na lavoura.

As medidas de controle devem ser pensadas de maneira integrada (leia mais sobre manejo integrado de pragas aqui), a fim de maior efetividade no controle.

Referências

ÁVILA, C. J. et al. Biology, reproductive capacity, and foliar consumption of Diabrotica speciosa (Germar) (Coleoptera: Chrysomelidae) in different host plants. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.5539/jas.v11n5p353. Acesso em: 12 de dez. de 2022.

MEDINA, L. B. et al. Bioecologia de Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae) visando fornecer subsídios para estudos de criação em dieta artificial. Documento 375, Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2013. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/999017/1/documento375webIncluido.pdf. Acesso em: 12 de dez. de 2022.

MIGNONE, E. M. et al. Soybean images dataset for caterpillar and Diabrotica speciosa pest detection and classification, v. 40, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.dib.2021.107756. Acesso em: 12 de dez. de 2022.

WALSH, G. C. Biology and management of pest Diabrotica species in South America., Insects 2020, 11, 421, 2020.  Disponível em: https://doi.org/10.3390/insects11070421. Acesso em: 12 de dez. de 2022.