Diante da importância da soja e seu impacto no mercado econômico, a Brevant® Sementes desenvolveu um guia básico para esclarecer as principais dúvidas sobre seu cultivo e comercialização. Para a elaboração do compilado, entramos em contato com a especialista Silvia Bambi, consultora em gestão de risco da FCStone.
O cultivo da soja está longe de ser uma produção industrial e, por conta disso, a conciliação da demanda com a oferta agrícola, que flutua sazonalmente, acaba sendo um desafio para a comercialização da soja. Assim, é preciso ter em mente que o mercado de commodities é dinâmico e depende do contexto econômico de cada safra.
Quando falamos no comércio da soja, é possível apontarmos cinco tipos de compradores: as indústrias, as tradings, as cooperativas, os cerealistas e as empresas de insumos.
As indústrias destinam sua compra para a produção de alimentos industrializados. Aqui podem ser comercializados o grão, o farelo e o óleo de soja.
As tradings, ou corretoras de tradings, agem como intermediadores na negociação entre produtores e compradores nacionais e internacionais.
As empresas cooperativas compram o grão para destiná-lo para a produção ou para negociá-lo em lotes com outros tipos de empresas, como indústrias ou corretoras. Este tipo de empresa se assemelha aos cerealistas, que podem atuar como intermediários de venda ou como produtores.
Por fim, as empresas de insumos têm o papel de realizar trocas. O método também é chamado de barter e por meio dele o agricultor paga os insumos com a produção de soja.
As negociações da soja podem ser realizadas em quatro mercados: físico, a termo, de futuros e de opções. Estes são os quatro grupos de operações praticadas em todo o mundo, que também são aplicadas no mercado interno.
O mercado físico se trata da troca imediata do produto físico por dinheiro. Também é conhecido como mercado disponível, cash ou spot, este último normalmente utilizado em bolsas de mercadorias.
Isoladamente, o mercado físico não é considerado um mecanismo adequado para diversos tipos de transações, principalmente quando a estabilidade do suprimento e de preços é necessária. Nestes casos, há outros mecanismos mais eficientes, que permitem transações que reduzem esses riscos, como, por exemplo, o mercado a termo.
O mercado a termo, diferentemente do físico, permite que as transações ocorram em dois ou mais instantes no tempo. São contratos em que as partes acordam alguns elementos da transação que irão ocorrer futuramente.
Por mais que esse tipo de mecanismo permita uma flexibilidade maior de modelos de transação, ainda há o risco do não cumprimento do contrato por uma ou ambas as partes. Mesmo que o contrato tenha as obrigações entre as partes, isso não as impede de terem atitudes oportunistas.
Com base no mercado a termo, foi criado o mercado de futuros, que conta com contratos padronizados e negociados em bolsas organizadas, o que proíbe a inclusão de cláusulas por parte de compradores e vendedores. O uso do contrato futuro é estritamente para redução de risco, conhecida como hedge, que é uma operação de “travamento” de preço para uma data futura.
Relacionado ao mercado futuro encontra-se o mercado de opções, que apresenta contratos que asseguram o direito de exercício de uma compra ou venda de algum ativo. Este pode ser um ativo físico ou um contrato futuro e, no caso das principais bolsas, as opções negociadas são direitos de compra ou venda de contratos futuros.
Para entendermos a formação do preço no mercado da soja, é possível destacar três elementos principais.
1. Cotação da Bolsa de Chicago
A Bolsa de Chicago é, atualmente, o parâmetro internacional para a precificação da soja. Contudo, como está situada nos Estados Unidos, a safra do país gera impacto na cotação, mas também são analisados os resultados das safras dos outros três players.
2. Cotação do dólar
No Brasil, os preços são dados em reais, seja por saca ou tonelada, e por mais que os fornecedores não utilizem os mesmos métodos, é preciso levar em consideração a economia atual.
3. Prêmio
É o fator que acaba gerando mais dúvidas em quem está começando a entender sobre a dinâmica do mercado de soja. Em linhas gerais, é uma remuneração extra para a entrega de soja para exportação.
O que é o prêmio?
O prêmio nada mais é que o “apetite da demanda”. Necessariamente, temos a referência de preço internacional (cotação da Bolsa de Chicago), mas, de acordo com a necessidade da demanda e com a capacidade de oferta do fornecedor, é pago um ágio ou deságio sob a precificação da Bolsa de Chicago.
A dinâmica do prêmio pode ser afetada também com base nos grandes consumidores de soja que temos atualmente. Estes são divididos entre a exportação, ou seja, o consumo externo; e o consumidor interno, usado pelas indústrias de processamento.
Atualmente, contamos com duas modalidades de envio do grão.
1. Free on Board (FOB)
Na tradução literal, “Livre a Bordo”. Ao optar por esta modalidade, o comprador assume as responsabilidades pelo transporte da compra até o porto, independente de perdas ou danos. São descontadas as taxas portuárias e de frete, com uma cotação menor.
2. Cost, Insurance and Freight (CIF)
Já nesta modalidade (“Custo, Seguro e Frete”), o vendedor é o responsável pela entrega. Este deve arcar com os custos de frete e porto, além do seguro da mercadoria. Neste caso, a remuneração costuma ser mais alta do que na modalidade FOB.
Ao abordarmos o comércio de soja, é inviável não mensurá-lo em nível internacional. Atualmente, contamos com quatro players no mercado mundial, sendo três deles focados na produção e um na demanda. Estes são: Brasil, Estados Unidos, Argentina (produção) e China (demanda).
Com a China sendo o principal player internacional no quesito de demanda, é preciso considerar que fatores políticos e socioeconômicos do país impactam diretamente no mercado mundial de soja.
De forma geral, o produtor brasileiro conhece bem o seu custo de produção e deve buscar proteger este custo. Para isso, é importante manter relações de troca e constantemente se atualizar sobre os momentos do mercado, sendo possível tirar vantagens dos riscos futuros.
Nos últimos dois anos, foi presenciada a alta dos preços das commodities por conta da falta de previsão da oferta no momento de suprir as necessidades da demanda. Por conta disso, é importante que o produtor esteja atento aos cenários internos e externos, fazendo a gestão de risco desde o momento de planejamento do plantio da próxima safra.
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