Blog •  28/11/2022

Importância da regulagem do equipamento e manejo de plantas daninhas – Parte 2

Rodolfo Silber, engenheiro agrônomo, me. 
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Trator aplicando defensivo na cultura do milho pouco depois da emergência. Trator aplicando defensivo na cultura do milho pouco depois da emergência. 

Após a semeadura, o manejo deve estar voltado para a condução da cultura. Ao longo do desenvolvimento, o controle de plantas invasoras e a adubação de cobertura são duas operações que merecem atenção para que a recomendação seja bem executada e a produtividade esperada esteja mais próxima.

Controle de plantas invasoras

As plantas invasoras, ou daninhas, causam prejuízos para a cultura de interesse devido à competição por água, luz e nutrientes, o que reduz o potencial produtivo da lavoura.

Além da redução na produtividade, a presença de invasoras pode diminuir a qualidade comercial, impossibilitar a certificação de sementes, intoxicar animais e até parasitar a cultura principal.

Além dos danos diretos, podem causar danos indiretos, sendo hospedeiras alternativas de pragas e doenças nocivas para a espécie cultivada.

Com isso, após a semeadura, o controle de plantas invasoras é necessário ao atingir o nível de dano econômico, aspecto já comentado em outros artigos

No cultivo comercial, após a semeadura, é comum o uso do controle químico com herbicidas em operações mecanizadas com o uso de pulverizador de barra.

Com os custos elevados, a aplicação deve ser bem realizada, com o intuito de obter a melhor eficiência na aplicação. Para isso, a regulagem do equipamento deve ser feita com atenção.

Regulando o pulverizador

O primeiro passo é escolher a ponta de pulverização em função do tamanho da gota, que dependerá do modo de ação do produto, das condições climáticas e da situação do alvo caso o mato esteja alto e necessite atingir as plantas baixas.

Para a escolha da ponta, são necessárias as informações do fabricante conforme a necessidade e a recomendação técnica.

O segundo passo é definir qual a taxa de aplicação, ou seja, o volume que será aplicado na área, seguindo as instruções do fabricante do defensivo.

O terceiro passo é checar a velocidade de deslocamento do pulverizador. Para isso, deve-se cronometrar o tempo gasto para percorrer 50 metros na rotação e velocidade normal de trabalho.

Para obter a velocidade, em km/h, é necessário dividir 180 (fator de conversão à velocidade de deslocamento de m/s (T), para km/h (V)) pelo tempo cronometrado para percorrer 50 metros.

Onde:

  • V = velocidade de deslocamento (km/h);
  • T = tempo necessário para percorrer 50 m, em segundos.

O quarto passo é verificar o espaçamento entre os bicos na barra de pulverização em centímetros.

O quinto passo é calcular a vazão necessária em litros por minuto de acordo com a fórmula:

Onde:

  • l/min = vazão no bico;
  • l/ha = taxa de aplicação;
  • km/h = velocidade de deslocamento do pulverizador;
  • E = espaçamento entre pontas na barra de aplicação (cm).

O sexto passo, com a vazão já definida, é escolher a pressão de trabalho para produzir o tamanho da gota desejada. A informação necessária para a vazão em função da pressão constará nas informações do fabricante.

O sétimo passo é a calibração. Para isso, com as pontas escolhidas, deve-se ajustar a pressão de trabalho com a ajuda de um manômetro de bico. Escolher seis pontas e coletar o volume de água durante um minuto e determinar a vazão média obtida.

Caso alguma ponta apresente uma variação maior que 5% em relação à média, é sinal de desgaste, e ela deve ser trocada. Se a vazão média estiver variando mais ou menos que 5% da vazão calculada, a pressão deve ser ajustada novamente.

Por último, a quantidade de produto deve ser determinada. Com a capacidade do tanque e a taxa de aplicação, a dose deve ser determinada.

Para que a aplicação seja um sucesso, as condições climáticas devem ser ideais para a aplicação, como temperatura, umidade e velocidade do vento.

Esses fatores interferem na qualidade da aplicação. Temperaturas muito altas podem evaporar a calda antes mesmo dela entrar em contato com a planta. Em situações com muito vento, a deriva do produto pode ser muito grande, não atingindo o alvo e até mesmo prejudicando culturas próximas. Em condições ideais de temperatura e umidade, os estômatos das plantas invasoras estarão abertos e facilitarão a entrada do produto na planta.

A água utilizada para preparo da calda deve ser de boa qualidade, o tanque deve estar limpo, o mecanismo agitador em bom funcionamento, os filtros devem ser limpos e, caso haja necessidade, trocados. Sempre deve-se verificar se há vazamentos.

Realizar todas essas etapas pode garantir a qualidade de aplicação e auxiliar na produtividade da cultura.

Adubação de cobertura

A adubação em cobertura é a distribuição de fertilizantes após a implementação da cultura, sendo utilizadas em culturas perenes e anuais.

O mais comum é a utilização de fertilizantes nitrogenados, no caso do milho, e potássicos, no caso da soja, pelas suas características de lixiviação e volatilização.

O parcelamento na aplicação de fertilizantes tem como princípio fornecer os elementos necessários quando a planta está precisando, além de evitar a queima da semente quando aplicado em doses muito altas e também evitar perdas por percolação no solo.

As máquinas e implementos para distribuir os fertilizantes são muito diversas, variando seus formatos, tipos e modelos, sendo os mecanismos que dosam e distribuem os mais importantes.

Os fertilizantes químicos apresentam diferenças físicas, podendo estar no estado sólido (granulados ou em pó) ou líquido, com grande variação granulométrica, teor de umidade, densidade, concentração e presença de torrões.

Regulagem do equipamento de distribuição de fertilizantes

Para regular o mecanismo dosador, deve-se determinar a velocidade de deslocamento no momento da operação.

Após a velocidade determinada, para calcular a vazão necessária o mecanismo de distribuição deve ser acionado e o material coletado durante um minuto. Para obter a dosagem desejada do produto por hectare, utiliza-se a fórmula abaixo:

Onde:

  • Ds = dosagem do produto (kg/ha);
  • Q = vazão (kg/min);
  • V = velocidade de trabalho (km/h);
  • L = largura útil de aplicação (m).

Checar se o valor obtido é igual ao desejado e, caso necessário, fazer os ajustes.

Com a velocidade, a vazão e a dose definidos, é necessário garantir que a quantidade aplicada seja igual em toda a área da lavoura. 

Os fabricantes recomendam combinações dos tamanhos, ângulos e quantidade de paletas conforme as dosagens e produtos aplicados.

A sobreposição na deposição de fertilizantes deve permitir a distribuição mais uniforme possível.

Para verificar a qualidade da distribuição, coloca-se coletores com espaçamentos regulares em uma superfície plana e sem obstáculos. Realiza-se a passagem de uma ou mais vezes, se necessário, aplicando como se estivesse trabalhando normalmente.

O material coletado é pesado e comparado com a média de todos os coletores. O desvio da média não deve ultrapassar 15 a 20% para mais ou para menos. Caso haja muita alteração, a regulagem deve ser refeita, ou o espaçamento entre as passagens deve ser reduzido.

Uma boa distribuição dos fertilizantes garante que toda a lavoura receberá a dose recomendada, não havendo problemas com excesso ou falta de nutrientes em determinadas regiões. Isso irá garantir que a nutrição não seja fator limitante para o desenvolvimento da cultura.

Referências

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Mecanização: aplicação de corretivos e fertilizantes com distribuidor centrífugo autopropelido. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. – Brasília: Senar, 2020.

SILVA, Antônio Alberto da (Org.). Plantas daninhas: biologia e manejo. Oficina de Textos, 2022.