Blog •  14/12/2023

Do campo à mesa: os destinos da produção brasileira de milho e sorgo

Felipe Fabbri, zootecnista me 
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Milho com uma bandeira do Brasil, representando o papel que nosso país desempenha neste mercado.

A produção brasileira de milho e sorgo vai muito além do campo

A safra brasileira de grãos foi recorde no último ano-safra (2022/23). A produção de sorgo aumentou 53,4%, com 4,78 milhões de toneladas produzidas. Já a produção de milho (1ª, 2ª e 3ª safra) cresceu 16,6%, com 131,8 milhões de toneladas produzidas.

Apesar do forte crescimento da produção nacional, o consumo total (exportação e consumo doméstico) de milho está estimado em 131,6 milhões de toneladas. Ou seja, praticamente toda a produção deste ano-safra foi consumida. Para o sorgo, o quadro é semelhante.

Você, produtor, responsável direto pelo crescimento da produção nacional, sabe para onde a sua produção vai e os mercados que ela abastece? Não? Então veja nesse artigo os principais mercados consumidores do milho e do sorgo brasileiro. 

Qual o destino da produção brasileira de milho e sorgo? 

No caso do milho, a exportação brasileira em 2023 está aquecida. Desde novembro/22, em função de um quadro geopolítico favorável ao mercado brasileiro, a China abriu seu mercado ao milho nacional.

União Europeia, China, México, Japão e Coreia do Sul são, na sequência, os maiores importadores de milho do mundo.

Assim como a soja, a carne bovina e a suína, a China assumiu o posto de maior comprador de nosso grão. De janeiro a setembro de 2023, o Brasil exportou 34,0 milhões de toneladas do grão, 40,2% mais que o mesmo período em 2022. Do total, a China foi responsável por 23,3% das compras.

Apesar do bom quadro esperado para a exportação, o principal destino de nossa produção é o mercado interno, que consome quase 60,0% da produção de milho.

Em nosso país, o setor de nutrição animal é o principal consumidor de milho. O restante é utilizado para produção de alimentos, como fubá, canjica, pipoca, entre outros produtos utilizados na culinária. Tem sido crescente seu uso na produção de biocombustível – nos Estados Unidos, a cultura é a principal responsável pela produção de biocombustível; no Brasil, este mercado tem, ano a ano, crescido no país. 

As indústrias responsáveis pela produção de alimentos e ração utilizam o grão seco de milho, que pode passar por um processo de moagem seca que transforma o milho em farinha, farelo, extrusado e óleo refinado. 

Eles também podem ser submetidos ao processo de moagem úmida, para a obtenção de produtos como amido, xarope de glucose, fibra, dextrinas e glúten. 

Caso seja colhido ainda imaturo, ele passa a ser chamado de milho verde. Assim, pode ser consumido na forma de espiga cozida ou utilizado para o preparo de pratos como a pamonha e o curau.

Por isso, a finalidade do uso do milho deve ser definida antes do plantio – já que existem cultivares indicados para a fabricação de cada tipo de produto. A escolha da semente de milho é o primeiro passo para uma temporada de sucesso.

No caso do sorgo, apesar de ser um dos principais cereais produzidos no mundo, o seu consumo ocorre majoritariamente dentro dos próprios países produtores (USDA). No Brasil não é diferente, e a produção brasileira tem como principal destino o mercado doméstico, com destaque à produção de silagem e, também, o setor de nutrição animal.

A importância do setor de nutrição animal para o mercado de grãos

Em 2023, estima-se que 49,6 milhões de toneladas serão consumidas, com destaque à avicultura e suinocultura no país, que juntas consomem 85,6% desse total (Sindirações).

Para se ter ideia, para cada quilo de carne de frango produzida no país, são necessários 1,8 quilos de milho. Cada brasileiro consome, anualmente, 45,2 quilos de frango por ano, ou seja, indiretamente há um consumo de 81,4 quilos de milho por habitante por ano! 

Durante muitos anos, a produção de monogástrico foi resistente ao uso de sorgo na composição das dietas. O principal motivo? O tanino, fator antinutricional que interfere no desempenho zootécnico de monogástricos.

Mas, com o avanço da tecnologia e novas cultivares, a presença do tanino tem sido cada vez menor na composição bromatológica e o uso de sorgo tem sido cada vez mais corriqueiro entre as principais agroindústrias no Brasil, principalmente para a produção de suínos.

Na produção de bovinos, seja de corte ou de leite, o milho é o principal ingrediente energético utilizado na ração dos animais, com destaque à pecuária leiteira e aos sistemas de confinamento de gado de corte no país. Seu uso pode ser por meio da silagem de milho ou do milho em grão. 

Considerando uma vaca de leite, de 550kg de peso vivo, com 3,0% de gordura no leite, que se alimenta no período de safra com pastagem de capim-tanzânia e na entressafra com silagem de milho, a demanda para produção de 5 litros, 10 litros e 15 litros é de respectivamente 1kg, 2kg e 3kg de milho. 

De acordo a Embrapa Gado de Leite, estima-se que, para cada quilo de milho consumido, cerca de 5,0 litros de leite são produzidos! 

No Brasil, o sorgo é a segunda forrageira mais utilizada para produção de silagem. No mercado, existem vários tipos de sorgo. Abaixo mostramos algumas características que devem ser consideradas no momento da escolha para a produção de silagem:

  • Alta produtividade de massa;
  • Alta digestibilidade da fibra;
  • Resistência ao tombamento da planta;
  • Alta proporção de grãos na forragem;
  • Tolerância a estresses causados pela seca, alumínio e temperatura;
  • Tolerância a diversas doenças;

A Brevant® Sementes é líder no mercado de sorgo e conta com os melhores híbridos para a tomada de decisão mais assertiva para uma boa produção de silagem, além de um time de campo preparado para dar todo o suporte ao produtor.

Do campo, à cidade: cadeia produtiva de milho e sorgo

Além da nutrição animal, a produção de milho também está presente no dia a dia dos brasileiros, do campo às grandes cidades, abastecendo milhares de carros brasileiros com a produção de etanol de milho, crescente no Brasil (figura 1).

Figura 1. Estimativa de produção de etanol de milho no Brasil, eixo da esquerda, e do consumo de milho para produção, eixo da direita

Fonte: Conab

A produção de etanol de milho responde por 18,0% da produção do biocombustível no país, com a expectativa de 6,10 bilhões de litros produzidos na temporada atual. 

Para cada tonelada de milho processada, 400 litros de etanol são produzidos, ou seja, em 2022/23, 15,0 milhões de toneladas do cereal foram processadas para este fim! 

Além do biocombustível, resulta do processo um subproduto destinado à nutrição animal: os grãos secos da destilação (do inglês, dry distillers grains – DDG), alimento que, diferente do milho, é rico em proteína bruta, fibras e mantém bom perfil energético. 

Dentro do processo, o óleo de milho também pode ser extraído, mitigando às usinas de etanol de milho a concentração do produto em um único segmento. 

Você sabe que o sorgo também pode ser utilizado para a produção de combustível? Conforme comentamos, há diferentes tipos de sorgo existentes. 

O sorgo granífero, que representa a maior parte da produção de sorgo no Brasil, não desempenha este papel. 

O sorgo sacarino tem potencial para a produção de biocombustível. Nos Estados Unidos, a sua utilização como biocombustível é tradicional. 

Perspectivas para a produção e demanda em 2023/24

Para a Safra 2023/24, em semeadura no país, a produção de milho deve ser 9,5% menor (119,4 milhões de toneladas), mas o consumo nacional deverá crescer 6,1% (84,4 milhões de toneladas).

A produção de sorgo também deverá ser 9,0% menor em 2023/24. A perspectiva atual (out/23) prevê manutenção da área semeada em 2022/23, mas, com os impactos do El Niño na produtividade das lavouras, deverá ser mais dentro do “normal” para a cultura, após um ótimo quadro em 2022/23.

A oferta, tanto para o milho quanto o sorgo, deve ser menor no ciclo que se inicia agora, em função de fatores de mercado e do clima. 

Na outra ponta, o consumo de grãos deve seguir firme e a abertura de novos mercados para o milho, seja no mercado ou externo, abre oportunidades ao sorgo no setor de nutrição animal, uma vez que suas composições bromatológicas e teores de nutrientes são semelhantes. 

É hora de programar-se e olhar para a Safrinha de 2024, tomando a melhor decisão com base no zoneamento agrícola climático (ZARC) regional e nas perspectivas de mercado. 

O que esperar da Safrinha 2024 - Brevant® Sementes

https://www.brevant.com.br/blog/artigos/safrinha-2024-rentabilidade-e-custos.html

Semente de milho: critérios para uma boa escolha

https://www.brevant.com.br/blog/artigos/semente-de-milho-criterios-para-uma-boa-escolha.html

Referências

Conab

EMBRAPA

Scot Consultoria

USDA