Consideradas como fundamentais para a oferta de alimentos seguros e de melhor qualidade, as Boas Práticas Agrícolas (BPA) vêm ganhando cada vez mais espaço, principalmente por fomentarem práticas sustentáveis e promoverem melhorias na qualidade de vida da população rural.
Quando aplicadas em conjunto, as normas, princípios e recomendações técnicas de BPA, aplicadas nas etapas de cultivo, produção, colheita, processamento, transporte e armazenamento de produtos vegetais alimentícios e não alimentícios, têm apresentado resultados satisfatórios e promissores.
Dentre essas boas práticas, estão as estratégias de manejo para controle preventivo, cultural, físico e biológico, como manejo integrado das pragas, doenças e plantas daninhas, que incluem também o manejo de resistência.
Tanto o uso repetitivo de um mesmo defensivo agrícola (uso de inseticida com o mesmo princípio ativo) quanto sua aplicação inapropriada, seja em condições, época, quantidade ou, ainda, o cultivo contínuo de culturas com o mesmo evento (proteínas com mesmo modo de ação), por exemplo áreas Bt (Bacillus thuringiensis) de proteção contra insetos, resultam em uma grande pressão de seleção, podendo acelerar o desenvolvimento da evolução da resistência de pragas, doenças e plantas daninhas.
Para manejar a resistência a insetos, é preciso alternar modos de ação, adotar diferentes práticas de manejo, como o plantio do refúgio estruturado efetivo, o controle de plantas voluntárias e o vazio sanitário, bem como ficar atento à resposta da lavoura, sempre monitorando-a. Atualmente, o agricultor conta com três estratégias principais para manejo de resistência de insetos a inseticidas.
A evolução da resistência pode ser acelerada em função do uso contínuo de inseticidas com o mesmo modo de ação. Sendo assim, a ideia do manejo por moderação é fazer, por exemplo, a interrupção do uso de determinado inseticida, reduzindo a pressão de seleção e preservando os insetos suscetíveis na área.
A saturação reduz a presença de insetos resistentes na área por meio do aumento de doses de inseticidas, além de depender de uma grande migração de insetos suscetíveis para a área sob manejo (ex.: áreas de refúgio e plantas Bt alta-dose).
Consiste na utilização de duas ou mais práticas de manejo, incluindo rotação de inseticidas. A ideia é minimizar a seleção da resistência para o inseticida.
Ponto de atenção: No Brasil, o uso de misturas não tem suporte na legislação brasileira de defensivos agrícolas e, por isso, o mais recomendado é a rotação de princípios ativos.
De acordo com Bruna Marchesi, especialista de Stewardship (Gestão Responsável) de sementes e biotecnologia na Corteva Agrisciense, tanto a adoção quanto a integração das Boas Práticas Agrícolas são igualmente fundamentais para garantirmos a longevidade das tecnologias. Veja o que ela diz sobre o assunto:
Em regiões tropicais, como é o caso do Brasil, a adoção e a integração dessas práticas são ainda mais fundamentais. O clima, a diversidade e a pressão das pragas, juntamente ao sistema de cultivo e manejo adotados, são fatores que nos colocam em uma posição muito dinâmica em que o risco do desenvolvimento da resistência existe e é alto. Por isso, a inclusão das diversas práticas agrícolas no manejo das propriedades é fundamental para garantir a efetividade das tecnologias e a sustentabilidade do negócio agrícola.
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Dependendo de cada região e das condições climáticas de cada safra, o aumento da pressão de doenças na área pode reduzir a produtividade em até 100% e causar enormes prejuízos financeiros.
Para manter a produtividade da cultura, é fundamental fazer o manejo integrado de doenças por meio de estratégias diferenciadas, como o uso de fungicidas e o manejo de resistência.
De acordo com Bruna Marchesi, “as práticas de manejo fornecem ferramentas adequadas para lidar da melhor maneira com as adversidades que naturalmente acontecem no campo, como a presença de plantas daninhas e doenças e o ataque de pragas. Diferentes práticas de controle adotadas no momento adequado podem proporcionar o menor nível de dano econômico possível”.
Para ela, “a utilização das boas práticas agrícolas colabora para o melhor e mais adequado manejo das culturas, fazendo com que os patamares de produtividade e rentabilidade sejam mantidos, garantindo e mantendo o melhor potencial das tecnologias e das lavouras”.
As boas práticas agrícolas podem impactar positivamente o futuro do setor agrícola no Brasil, pois, conforme orienta Bruna Marchesi, a agricultura brasileira é baseada no uso das mais diferentes tecnologias, tanto de sementes quanto de defensivos agrícolas, o que nos faz alcançar altos patamares de produtividade e destaque mundial. No entanto, ela ressalta que “para garantir a efetividade dessas tecnologias e o adequado manejo contra as adversidades, que naturalmente estão presentes nas lavouras (como a presença de plantas daninhas, pragas e doenças), é fundamental adotar práticas como vazio sanitário, dessecação antecipada, monitoramento da lavoura, controle de plantas voluntárias, plantio de refúgio estruturado efetivo (no caso de plantios Bt), rotação de mecanismos de ação de defensivos agrícolas, entre muitas outras, que são chave para o sucesso do manejo integrado e do manejo da resistência de insetos, plantas daninhas e doenças, colaborando, assim, com a sustentabilidade da produtividade agrícola e fazendo com que as tecnologias funcionem com o maior potencial de proteção contra essas adversidades do campo.”
Quando um produtor rural atua com base na ciência e na pesquisa de campo e adota as boas práticas agrícolas, ele consegue entregar produtos com mais qualidade.
Para estabelecer procedimentos e reconhecer programas voltados à promoção de práticas agrícolas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) lançou duas portarias.
A Portaria n. 448 está em vigor desde o dia 1° de julho e estabelece os procedimentos para reconhecimentos dos programas de BPA. Já a Portaria n. 337, de junho de 2021, também regulamentada pela 448, estabelece os requisitos mínimos e reconhece programas de boas práticas agrícolas na etapa primária da cadeia produtiva agrícola brasileira em todo o território nacional.
Qualquer entidade pública ou privada que tenha interesse pode aderir ao programa de forma totalmente voluntária.
Para isso, deve-se protocolar o Termo de Declaração junto ao Ministério, enviar uma autodeclaração informando que seu programa está de acordo com a Portaria n. 337 e aguardar que a documentação seja analisada pela Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação (SDI/MAPA).
Algumas práticas e ações são consideradas fundamentais para se obter o reconhecimento. Dentre elas, estão:
fazer o planejamento, a gestão, a organização e a higiene do estabelecimento rural;
As Boas Práticas Agrícolas fazem toda a diferença. Você adota BPA em sua propriedade? Compartilhe com a gente sua experiência!