Blog •  02/01/2024

Nematoides: Impactos no sistema de produção na cultura do milho

Henrique Zanardo, Agrônomo de Campo 
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Nematoides e milho: Impactos na agricultura

Descubra como a infestação de nematoides nas raízes do milho está afetando a agricultura global e como eles comprometem o desenvolvimento.

Escrito por Henrique Gonzalez Zanardo, agrônomo de campo da Brevant® Sementes.

A agricultura desempenha um papel fundamental na segurança alimentar global e a cultura do milho é uma das mais importantes em todo o mundo. No entanto, os agricultores enfrentam uma série de desafios. Entre eles, vale ressaltar a infestação por nematoides nas raízes. Uma questão que está ganhando grande destaque atualmente.

Primeiramente, trata-se de vermes não segmentados que pertencem ao filo Nematoda. Eles podem ser encontrados em diversos ambientes, incluindo o solo. Ali, desempenham atividades importantes, tanto positivos quanto negativos, na ecologia do solo e na saúde das plantas. No contexto de grandes culturas como milho, soja e algodão, elevadas populações desta praga podem gerar impacto significativo. Consequentemente, afetando o desenvolvimento e a produtividade destas culturas.

Nematoides no milho: um desafio crescente

Podem atacar as raízes das plantas de milho e causar sérios danos ao sistema radicular, reduzindo a absorção de nutrientes e água pela planta. Os principais tipos para esta cultura são os nematoides das lesões (Pratylenchus spp.) e os nematoides das galhas (Meloidogyne spp.). Diferente de outras culturas que esses mesmos nematoides atacam, como por exemplo a cultura da soja, onde é perceptível na lavoura a formação de reboleiras em áreas mais afetadas, no milho é menos visível, na maioria das vezes. Mesmo com uma percepção visual menos evidente em partes aéreas, essas pragas podem reduzir o rendimento da cultura, causando perdas econômicas cada vez maiores se métodos de controle não forem adotados.

Veja abaixo um mapa gerado pela Corteva Agriscience com a distribuição de Pratylenchus spp. no Brasil.

Podemos notar que, dentre 3.816 amostras de solo e raízes, 58% delas evidenciaram presença de Pratylenchus spp. Além disso, do total de amostras coletadas, 39% delas foram classificadas com alto nível de infestação, fato que nos indica que uma grande quantidade de área agricultável no Brasil está em nível crítico dessa praga.

A dinâmica dos nematoides na cultura do milho envolve vários aspectos

Ciclo de vida e reprodução dos nematoides

Têm um ciclo de vida complexo, que inclui estágios de ovo, larva, juvenil e adulto. Além disso, eles se reproduzem de forma sexuada ou assexuada, dependendo da espécie.

Danos causados pelos nematoides

Causam danos diretos às raízes, resultando em sintomas como necrose, inchaço e deformação.

Os danos nas raízes comprometem a capacidade da planta de absorver água e nutrientes do solo, impactando diretamente seu desenvolvimento e produção.

O estresse causado pelos nematoides pode predispor as plantas a infecções por patógenos secundários, como, por exemplo, a entrada de Fusarium spp. pelas raízes.

Fatores que influenciam a dinâmica de nematoides

Condições climáticas, como temperatura e umidade do solo, afetam a atividade e a reprodução dos nematoides.

Práticas agrícolas precisam ser modificadas em determinadas situações, como, por exemplo, o sentido de plantio, para evitar a dispersão do nematoide para o talhão inteiro, bem como a limpeza do maquinário ao mudar de talhão, e se o maquinário for alugado, a atenção deve ser ainda maior.

Solos em pousio infestados com plantas daninhas  e plantas tigueras são ambientes favoráveis para que os nematoides continuem se reproduzindo na área, potencializando o fator de reprodução mesmo sem uma cultura estabelecida.

Controle de nematoides na cultura do milho

A rotação de culturas com plantas de baixo fator de reprodução de nematoides pode ser uma das ferramentas necessárias para reduzir a população de nematoides, especialmente utilizando determinadas espécies de Crotalária ou Brachiaria. A Brachiaria exerce uma função que vai além de reduzir a população de nematoides por si só, pois ela promove um solo saudável e bem estruturado, que pode favorecer organismos benéficos, como predadores naturais de nematoides, e dificultar a movimentação e o estabelecimento dos nematoides patogênicos.

Considerar a escolha de híbridos de milho com baixo fator de reprodução de nematoides é uma alternativa interessante no manejo.

O uso de nematicidas biológicos é outra opção que vem ganhando bastante espaço no agronegócio brasileiro.

Monitoramento e diagnóstico de nematoides

A realização de amostragens de solo e raízes é essencial para monitorar a presença e a densidade populacional de nematoides.

Implementar estratégias de controle adequadas requer a identificação precisa da espécie de nematoide, já que para cada uma delas existem distintas formas de agir em prol da redução da infestação.

Produtos biológicos: uma solução sustentável

O aumento da conscientização sobre os efeitos no meio ambiente e na saúde humana tem motivado a busca por alternativas aos produtos químicos usados na agricultura.

Os agentes biológicos surgem como uma solução promissora para o manejo de nematoides na produção de grãos. Organismos vivos, como bactérias, fungos, nematoides predadores e microrganismos benéficos podem interagir favoravelmente com os nematoides fitófagos.

Lumialza: um aliado na luta contra nematoides

O Bacillus amyloliquefaciens cepa PTA-4838 é uma bactéria do solo que tem mostrado grande potencial no controle de nematoides, pois possibilita a redução de danos às raízes devido à formação de biofilme, gerando uma barreira física na rizosfera das plantas, bem como ação de desorientação dos nematoides, por consumirem exsudatos das raízes das plantas, sendo a forma pela qual os nematoides rastreiam as raízes das plantas (ação nematostática). Também apresenta ação nematicida, através de liberação de proteases, quitinases e amilases, que podem decompor a parede celular dos adultos e ovos.

Além de ser eficaz no controle de nematoides, essa cepa de B. amyloliquefaciens é capaz de produzir hormônios vegetais (AIA, ACC e AJ), promovendo um melhor desenvolvimento do sistema radicular, resultando em melhor absorção de água e nutrientes e garantindo melhor capacidade de tolerar períodos de maior estresse hídrico na cultura.

Fonte: Eisenback, J. In: Ferraz, L. C. C. B.; Brown, D. J. F., 2016. (https://nematologia.com.br/files/livros/1.pdf)