Blog •  22/10/2024

Etanol de milho: da revolução do campo à combustão no Brasil

 Vitor Ribeiro, Agrônomo de Campo – Corteva Agriscience
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Como o etanol de milho está transformando a produção de energia no Brasil, do campo à combustão, promovendo sustentabilidade e inovação.

A cultura do milho no Brasil tem se destacado como um pilar essencial da agricultura nacional. Isso reflete um papel crucial na segurança alimentar e na economia. Desde o início dos anos 2000, a produção de milho da segunda Safra superou consistentemente os números da primeira Safra. Portanto, evidenciou um crescimento significativo impulsionado por avanços tecnológicos e práticas agrícolas mais eficientes. Esse fenômeno tem gerado um excedente de produção, criando oportunidades adicionais no setor. Um exemplo notável é o uso do milho como matéria-prima para a produção de etanol. Essa é uma alternativa sustentável que aproveita a abundância de matéria-prima e contribui para a diversificação econômica e energética do país.

O uso do milho para bioenergia reduz a dependência de combustíveis fósseis e diminui a emissão de gases de efeito estufa. Consequentemente, contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

Nos últimos anos, graças aos intensos estudos sobre o melhoramento do milho, focados em alcançar maior produtividade e resistência a diversas doenças, a produção por hectare aumentou de forma significativa. Isso impulsionou as exportações brasileiras e gerou consideráveis lucros para o país. No entanto, com a maior parte das safras concentrada na Região Centro-Oeste, distante dos principais portos, os produtores buscaram formas de agregar valor ao milho localmente, minimizando os custos de transporte e armazenamento.

Como resultado, a produção de etanol de milho começou a ser desenvolvida no Brasil, primeiramente no estado do Mato Grosso. Atualmente, ela já se expande para vários estados do Brasil.

Objetivo

Devido ao aumento da demanda de milho para a produção de etanol, a Corteva Agriscience, líder do mercado de sementes de milho, iniciou um estudo em parceria com empresas do setor de etanol. O objetivo é avaliar o potencial de rendimento de etanol dos seus híbridos de milho e sorgo. Com isso, trazer mais informação para os agricultores, parceiros comerciais e para a indústria.

Resultados da produção de etanol de milho

Os resultados demonstraram a viabilidade da produção de etanol a partir do milho. Essa evidência se dá pela significativa conversão de amido em álcool, que apresentou uma relação diretamente proporcional. Alguns híbridos se destacaram por sua elevada deposição de amido nos grãos, entre eles o híbrido lançamento da marca, o B2900PWU.

Investir em um híbrido de milho com alto teto produtivo e elevada responsividade ao manejo é essencial para maximizar o retorno sobre o capital aplicado. A escolha correta do material é crucial, pois híbridos de alto desempenho possuem maior capacidade de converter nutrientes e insumos em produtividade e aumentar a produção por hectare. Essa eficiência reflete-se diretamente no maior acúmulo de matéria seca nos grãos, com destaque para o amido, que é o principal substrato utilizado na produção de etanol.

O etanol de milho surge como uma oportunidade de produção em um cenário de entressafra da cana-de-açúcar, quando o sistema sucroenergético se torna ocioso. Nesse período, é possível converter o excedente de milho em bioetanol, aproveitando os recursos disponíveis e aumentando a produção de biocombustíveis. Além da produção de etanol anidro e hidratado, a indústria de etanol de milho gera coprodutos valiosos, como os farelos proteicos derivados do processo de destilação. Esses farelos, conhecidos como DDGs (Distiller's Dried Grains), são uma rica fonte de proteína e energia econômica para a alimentação animal. Podem compor até 20% das dietas de bovinos, suínos e aves, proporcionando uma alternativa mais barata quando comparados com ingredientes tradicionais. A inclusão dos DDGs nas rações não só reduz os custos de produção, mas também valoriza os coprodutos da indústria do etanol, promovendo uma cadeia produtiva mais sustentável e eficiente.

Manejo da cultura do milho

O manejo fitossanitário do milho é essencial para assegurar o enchimento pleno dos grãos e a eficiente deposição de amido. Entre as doenças foliares, a Bipolaris maydis é particularmente preocupante, pois reduz a área fotossintética de forma bastante agressiva, comprometendo a produção de fotoassimilados e, consequentemente, o enchimento pleno dos grãos. Além disso, o controle dos insetos sugadores é fundamental, pois esses insetos podem atuar como vetores de viroses e enfezamentos, além de afetar a fisiologia das plantas e danificar o sistema vascular. Isso resulta em menor produção de grãos e redução na deposição de amido. Um manejo eficaz desses patógenos é crucial para otimizar a produtividade da lavoura. A recomendação do time de Agronomia é que o manejo desses patógenos seja realizado de forma preventiva para que haja sucesso na lavoura.

Autor: Vitor Ribeiro

Agrônomo de Campo – Corteva Agriscience